Diz que é de Tijucas… Parte II
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Diz que é cria de Tijucas, mas não comeu os quitutes da Conseta no trailer em frente ao hospital, não conheceu o Balança Teta, não viu Sandy & Júnior e Raça Negra na Tijufest, e nem sabia que o 13 de Maio era o genuíno palco dos eventos da comunidade negra na cidade. Nunca experimentou a linguiça – no sentido literal da palavra – do Orli, não conheceu os memoráveis bailes do Renascença, não viu a charanga do Tiradentes regida pelo Miquimba, não fez happy hour no Albatroz, nunca esteve nas barbearias do Dalmo ou do Gordo, nunca ouviu falar na Maria Gallotti, no Zé Juventino e na Maria Gancheira, e nem comprou pão do Antônio Padeiro na Passagem. Não viu o Bar da Leci na beira-rio, nunca esteve no Baile da Espuma no Explosão, e nem conheceu o célebre Boi Vermelhinho, o terror das arenas.
Adora dizer que é tijucano, mas nunca ouviu um discurso do Gêgo na rodoviária, não comeu peixe do Rio Tijucas, não conhece as fábulas do Velho Berlinck, nem se surpreendeu com o Buluca passeando pelas ruas da cidade com um porco na coleira. Nunca ligou o rádio para ouvir o programa do Onali, não viu a Leda Regina comandar o Grupo com maestria, não sentiu o cheiro de cana-de-açúcar queimada no tráfego dos caminhões da Usati, nem viu a Fazenda do Grillo virar Mata Atlântica. Nunca leu as obras de Manoel dos Anjos, não aplaudiu a fanfarra do Cruz e Sousa sob a batuta do Alfredo, nunca chamou o Jardim Progresso de Sem Terra, nunca pagou apenas um real para entrar no Pirão com Linguiça, e nem tentou escalar a estátua do Dinossauro na Praça Henrique Ternes.
Garante que é filho de Tijucas, mas nunca assistiu ao jogo do Tiradentes de cima da ponte para não pagar ingresso, nunca esteve no goiabal da Fábrica Chaves, nunca cortou a cidade num ônibus da Juliva, nunca fez rancho no Marasil, não viu a Univali chegar e transformar o Padre Jacob no Bairro Universitário, não se comoveu com as mortes de Bebeto Ternes e Arnaldo Peixoto, nem comprou na loja da Dirce ou na mercearia do João Marcolino. Nem comeu o au-au do Belexa, não dançou no MDM do Timbé e do Dodô, não conheceu a cachoeira do Dr. Lauro e o Recanto Jacomelli no Oliveira, nunca leu as fofocas da Maria Bonita no A Verdade, nunca assistiu a um torneio no campo velho do XV de Novembro, e não lembra da cantina da Mariazinha e nem do carrinho de doces do Zé Papagaio no colégio.
Nessas lembranças, passadas e recentes, minhas e dos outros, também vivi. E tu?
Léo sou tijucano das antigas e não me esqueço quando o Gego chegava na porta do bar Zequinha abria o braços e dizia”o coisa querida”, isto nos anos 79, 80 bons tempos, do seu Caio Portela, das histórias do se Zequinha Laís, e das reuniões do elenco do Tiradentes comandado pelo Beto Santana e muitas outras!
Ninguém pode se dizer Tijuquense ou tijucano se nunca experimentou a banana recheada da dona Arina na lanchonete do CENEC; jamais se pode intitular tijucano ou Tijuquense quem nunca atravessou o Rio de bateira; quem não conheceu o urubu dezazâdo e não sabe quem foi o Neném da Béca……quem se diz tijucano ou Tijuquense deve ter participado dos carnavais históricos do Tijucas clube embalado pela banda da cidade que saia salão a fora até o cais para que fosse possível fechar o salão e dispersar a multidão. Épocas boas…
Tocamos muitos carnavais do Tijucas Clube. Na quarta feira de cinzas os nossos lábios já estavam sangrando . mas o pau pegava até por volta das 6:00 horas da manhã próximo ao nosso rio para o encerramento.
Tinha também o trailer de x-salada ao lado do CEVRITE do Pedro, irmão do Branco, super gente fina.
Diz que é de Tijucas… mas nunca pulou de bicicleta os obstâculos da pista de motocross do Nando Andriani, atrás de onde hoje é a fabrica de móveis do gaiola Venzon.