Barril de pólvora
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Dentre tantos desdobramentos, o aumento da Cosip (Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública) em São João Batista deu contornos pitorescos à relação do advogado e vereador Leôncio Cipriani (MDB) com o empresário Jandir Franco. A troca de farpas, na Câmara Municipal e no WhatsApp, tornou-se o assunto do momento na Capital Catarinense do Calçado.
Bastou que Franco discordasse publicamente do acréscimo – que, em alguns casos, chega a mais de 1000% – para que o parlamentar governista fizesse uma devassa na vida pessoal do empresário na tribuna da Casa do Povo. “É na lancha dele que tem as melhores champagnes. Só vem a São João Batista de helicóptero. E está reclamando que paga R$ 700 de TIP”, bradou Cipriani nos microfones do Legislativo municipal.
A resposta chegou nos smartphones, e passou a ser disseminada entre os batistenses. “O que ele tem a ver se tenho helicóptero? Se tenho, é porque trabalhei. Não mexo com bandidos. Não comprei produtos de roubo”, diz Franco, em áudio, numa clara alusão à atuação profissional do vereador, que é advogado criminalista.
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MÁGOAS AFOGADAS
Se a Cosip vem tirando o sossego do empresário, ele faz questão de mostrar que um vinho de alto gabarito ajuda na reconquista da paz. Noutro momento, Jandir Franco – que ganhou recente notoriedade na mídia estadual por jogar dinheiro dos camarotes da Green Valley para os demais presentes na festa – ostenta, em gravação de vídeo enviada ao amigo e advogado Adilson Nascimento, o consumo de uma garrafa de Dominus, da safra de 2010, avaliada em R$ 3.270. “Agora que o Leôncio me quebrou, que eu não posso mais andar de helicóptero, então vou acabar com o dinheiro. Porque de pobre ninguém fala”, comenta.
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TOMA LÁ, DÁ CÁ
A amizade de outrora, contudo, pode ter dado lugar ao ódio. Enquanto o empresário Jandir Franco gravava recados do tipo “estou tão injuriado com o Leôncio que, com a força que estou, acho que matava ele”, defensores do advogado e vereador respondiam na mesma moeda.
Um deles, a propósito, é o sapateiro Carlos Fraga Feller, o Calinho da Téta, que responde judicialmente a um processo por agressão ao ex-vereador e ex-prefeito Vilmar Francisco Machado (PPS) na campanha eleitoral de 2016. “Se tu botares a mão no doutor Leôncio, aí é comigo. Se ele morrer, tu também vais morrer”, diz ele, em mensagens direcionadas a Franco.