Oito: Uma gestão contestada
Sitiado por secretários recorrentes, servidores plácidos e afeitos em cargos de confiança, o prefeito Valério Tomazi (PMDB) iniciou a gestão 2013-2016 sem inspirar grandes expectativas na população da Capital do Vale. Com oito anos de casa, compreende-se que o staff e subordinados mais próximos estivessem fatigados, com entusiasmo debilitado. A história recente revela que os acertos continuaram sem melhorias significativas – ou, em alguns casos, desapareceram –, e a grande maioria dos erros jamais recebeu conserto. O time, na melhor das hipóteses, zelava pelo que era basal, e, intrinsecamente, pelos proventos legítimos do fim do mês.
Todavia, o chefe do Executivo pôs algumas obras de relevância no currículo. Os asfaltamentos no Timbé, no Pernambuco, em Areias e na Rua 13 de Novembro entram nessa conta – ainda que o antecessor, Elmis Mannrich (PMDB), que detém grande prestígio no Governo Estadual, pregasse durante a campanha de Tomazi, em 2012, que essas benfeitorias estavam garantidas e encaminhadas para a gestão vindoura. Outra das heranças da administração passada, porém, trouxe um ônus imensurável ao atual governo. O importante esgoto sanitário, assinado pela contestada Cosatel Construções, Saneamento e Energia Ltda., se transformou no principal achaque do último quadriênio. A aprovação popular despencou, e um caos interno se instaurou. Não havia quem controlasse, fiscalizasse ou enfrentasse a construtora, que praticamente devastou a cidade com expressa anuência da prefeitura; embora a Câmara de Vereadores propusesse, seguidas vezes – todas sem sucesso –, audiências públicas dadas às cobranças de maior empenho e qualidade no serviço da terceirizada.
As chuvas e a Cosatel continuaram castigando Tijucas, a cabeceira da histórica e imprescindível Ponte Bulcão Viana desabou, e, em paralelo, o PMDB começava a se desmantelar. O fantasma da pré-convenção de 2012 ainda assombrava, e uma lista de reclamações de partidários ignorados e preteridos aumentava consideravelmente. Os periquitos descontentes passaram a clamar pelo retorno de Mannrich; e o ex-prefeito, a partir de então, recebia incentivos diversos nos bares e eventos sociais da cidade. Em meados de 2015, a disputa interna por espaços – e o possível boicote ao projeto de reeleição de Valério Tomazi – já era uma constante no seio do partido; mas este é um assunto para os próximos capítulos.
A condução política, administrativa e de pessoal na gestão 2013-2016 não agradou aos peemedebistas em geral. Tanto que muitos dos próprios partidários elegem a atual administração como a pior da história de Tijucas, título que atribuíam orgulhosamente à gestão do cola-branca Uilson Sgrott (2001-2004). Outro dos motivos da revolta foi o cancelamento de eventos populares de grande repercussão, promovidos pela municipalidade, em nome da recessão e das dificuldades econômicas. Iniciativas como o Réveillon Popular e o Carnaval Popular – O Povo na Folia, criados e vangloriados nas gestões de Elmis Mannrich, que reuniam milhares de pessoas nas regiões centrais da cidade, foram tolhidos do calendário municipal de festividades no mandato atual.
Além disso, Tomazi puniu, recentemente, o partido com a alegação de saúde nas finanças da prefeitura. Depois da pré-convenção do PMDB, em abril, em que o prefeito perdeu o direito de concorrer à reeleição, 11 servidores comissionados da estrutura municipal receberam a exoneração. Todos, a propósito, eleitores de Mannrich naquela fatídica disputa interna.
A gestão contestada, conturbada, somada à mais nova ruptura no partido, tiveram papel determinante nas eleições municipais deste ano – e serviu para que a oposição sustentasse a tese de que “mudar faz bem”. A prefeitura era 15, mas também votou 55; consequências drásticas da querela interna entre o prefeito e seu antecessor. Tomazi, que não conseguiu satisfazer como político e administrador, contribuiu generosamente para o resultado das urnas. E Mannrich, que construiu e depois derrubou, também tem sua parcela nessa conta. Os números mostraram: as razões eram duas, e contra os dois.
Elmis e Valério brigaram, perderam os dois e principalmente o PMDB.
Conta-se “às salas escuras” que o ex que queria virar futuro e ficou a pé TUDO FEZ (e desfez) para que o sucessor dele não “aparecesse”.
Fez questão de, pessoalmente, ir a gabinetes dos paços para “recomendar” não fossem firmados novos ajustes ou repasses financeiros para “boicotar” a gestão e voltar “por cima”, como administrador capaz…
O que ele não contava é que o povo – que, muitas vezes, fica “desmemoriado” – fez a EXATA LINKAGEM do governo Valério com o segundo (fraco) governo Elmis e, portanto, A SEDE POR MUDANÇA ficou notória para a “lavada”…