quinta-feira, 21 de novembro de 2024 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Onze: A pré-convenção e a nova divisão

Postado em 4 de novembro de 2016
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Por seguidas vezes o prefeito e pré-candidato natural à reeleição Valério Tomazi (PMDB) recebeu alertas sobre a movimentação de bastidores e a manifesta intenção do presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, de disputar a eleição majoritária deste ano. O mandatário tijuquense, no entanto, precisou ver para crer.

As pesquisas, todas desfavoráveis a Tomazi, eram a principal arma de combate nas mãos de Mannrich. Com elas o ex-prefeito convenceu grande parte dos partidários de que a manutenção do poder, se o atual chefe do Executivo representasse o partido no pleito, estaria fortemente ameaçada. “Se for o Valério, vamos perder para qualquer um”, dizia o presidente do Imetro/SC, abertamente, nas suas incursões pelos eventos sociais de Tijucas. E enquanto os números eram expostos internamente, e as profecias lançadas livremente, o PMDB se dividia novamente em duas linhas de batalha: os que clamavam pelo retorno do ex-prefeito, e os que defendiam o direito à reeleição do atual.

Nos primeiros meses de 2016, os propósitos, de parte a parte, estavam claros. Um queria disputar o pleito majoritário do município, e o outro também. O prefeito e seu antecessor estavam numa guerra fria; e num fatídico encontro no gabinete principal do paço, marcado por uma discussão longa e acalorada, a animosidade definitivamente se estabeleceu. Mannrich, na saída, desafiou: “Contrate um instituto de pesquisas decente e, se estiveres na minha frente nas intenções de voto, eu abro mão da candidatura”. Tomazi apenas argumentava que seu direito natural de concorrer à reeleição deveria ser respeitado, e que não entraria em confrontos internos.

Já não havia mais relação entre o chefe do Executivo municipal e o presidente do partido. E, diante das circunstâncias, o páreo convencional era inevitável. Tal qual em 2012, o PMDB de Tijucas tinha dois postulantes à candidatura principal e se dividia novamente, com desgastes semelhantes ou mais graves que os de quatro anos atrás. A postura austera do prefeito foi se dissipando ao tempo que alguns conselheiros o instigavam ao enfrentamento partidário, sempre baseados na força da máquina pública e, especialmente, no fato de que a maior parte dos convencionais do partido ocupava cargo comissionado na estrutura municipal e que, por isso, a vitória no embate interno era certa. Tomazi, aliás, fez questão de esclarecer aos peemedebistas empregados no município que uma última visita ao Departamento Pessoal da prefeitura seria ordenada àqueles que decidissem acompanhar o ex-prefeito. Começava, então, o processo de convencimento e de constrangimento pelo voto na pré-convenção.

O prefeito, nesse meio tempo, promoveu uma reunião partidária com o colegiado municipal, cargos comissionados da prefeitura, filiados e dirigentes do PMDB de Tijucas, amigos e simpatizantes; mas não enviou convite ao presidente do partido, seu concorrente na pré-convenção. Mannrich, mesmo assim, compareceu ao evento; e, depois das explanações do chefe do Executivo, tomou o microfone para chamá-lo, de maneira enfática, de “baixinho mentiroso” e garantir aos convidados que representava a única perspectiva de vitória no pleito que se avizinhava, uma vez que a contestada gestão 2013-2016 havia obrigado aquela drástica intervenção. Tomazi e seu antecessor eram, naquele momento, inimigos declarados. E ninguém, nem mesmo os caciques do partido, próximos de ambos e ponderados, conseguiram impedir que a situação chegasse àquele ponto, apesar das tentativas.

Em 26 de abril, o Lions Clube estava abarrotado de peemedebistas, convencionais e curiosos. No fim da votação, o presidente municipal do partido comemorou. Foram 34 votos em favor de Mannrich contra apenas 20 destinados ao atual prefeito. Desta vez não houve música de Beth Carvalho, mas também não faltou quem hostilizasse Tomazi na saída do evento. O mandatário tijuquense deixou a pré-convenção claramente frustrado, e, como dirão os próximos capítulos, intimamente propenso à retaliação.

Há um mês, o PMDB sofreu a sua mais expressiva derrota na história das eleições municipais em Tijucas. O vencedor da infausta pré-convenção, presidente do partido e rival do prefeito e de todos os seus seguidores ficou 2.982 votos aquém do concorrente e protagonizou esse indigesto marco numa escala que, até então, ostentava sucessivas glórias. Tomazi votou às 10h, no Cruz e Sousa, e não foi mais visto naquele dia. Antes, porém, havia participado ativamente da campanha dos opositores, com recomendações frequentes de votos em Elói Mariano Rocha (PSD), o candidato adversário. Quis o destino que, sem planejar, os colas-brancas recebessem o apoio da prefeitura mesmo estando na trincheira contrária. E, por mais isso, o resultado diz por si.

9 Comentários em “Onze: A pré-convenção e a nova divisão”

  1. Águia que sobrevoa disse:

    Soberba, empáfia, ridicularização (pública e nas “trincheiras”) daqueles que não comem no seu prato, falsidade, perfídia, promessas vazias, traições… O cardápio de Mannrich é, assim, bem rico…

    Duvidou das pessoas, foi sarcástico e pedante, sempre que necessário (para ele), e colecionou inimigos… Este é o seu legado.

    Para aproveitar-me da perfeita dicção do colunista, ao traduzir sua fala verborrágica e maledicente, de sempre, de todos os dias, por detrás de teu sorriso cínico e da falsidade que é tua característica, eu perguntaria a você, Mannrich: perdeste para “qualquer um”?

    Qualquer um teria sido mais leal, mais verdadeiro, mais companheiro…

  2. Jota Trafunca. disse:

    O que faz a certeza de que tudo o que se pensa vai dar certo! Tuda passa! Tudo muda! Tudo toma outro rumo! Quando o olho cresce muito extrapola o horizonte. Mas o sujeito tem dificuldade de perceber o que está rodando por perto dele. Tantos foram os políticos aqui na terrinha que hoje nem para vereadore se elegeriam, sabe por quê? Tijucas triplicou a população, as pessoas estão estudando…se informando…buscam opiniões. O resultado foi dado no dia 2 de outubro. Agora é assim: ou faz uma boa adminitração ou vamos tirar fora. Então todo cuidado senhor Elói e Adalto. Mas estou com vocês mas sem erros, tá?

    1. Jota Trafunca. disse:

      Digo, vereador.

  3. Sérgio disse:

    A verdade é que o Valério é um FRACO! Um terrível administrador. Não merecia reeleição de fato. E caso fosse o candidato, seria a maior diferença da história a favor do Elói, que aliás, é do mesmo nível do Valério.

    1. Felicidade disse:

      Você não acha que é muito cedo para fazer tal comentário? Está com dor de cotovelo porque seu candidato perdeu?

      1. Sérgio disse:

        Como você tem certeza do meu candidato? Você foi votar comigo? acredito que não, pois não votei em ambos os candidatos.

  4. Adalto Reis disse:

    Espero como Tijucano que façam uma boa administração, mais quem deve estar arrependido são o Sr
    Hélio Gama e Sergio Fernandes pois alegaram problemas de saúde mais participaram ativamente da campanha e deram de bandeja um mandato para o Prof. Eloi, pois o povo queria mudança!!

    M

  5. José Luiz Frutuoso disse:

    Todos nós temos que agradecer o Sr. Elmis por não ter deixado o atual prefeito ir a reeleição, vai que aplicada 171 (só mentiu, disse que fez obras e não fez nenhuma, disse que trouxe o esgoto e é mentira, diz que vai deixar as contas da prefeitura em dia e é mentira, vai deixar o maior rombo da história) e vai que ganha? A cidade não aguentaria mais 4 anos de inatividade e destruição.

  6. Clesio disse:

    A nossa sorte que foi o Elmis, pq se fosse esse tal de Valério a diferença ia ficar na história. Não pensou na militantes do partido, pensou só no seu orgulho. O mundo da voltas Sr.Valério. Vc foi a decepção do PMDB. Se é prefeito hj devia de beijar os pés do ELMIS tds os dias.

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