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Onze: A pré-convenção e a nova divisão

Postado em 4 de novembro de 2016
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Por seguidas vezes o prefeito e pré-candidato natural à reeleição Valério Tomazi (PMDB) recebeu alertas sobre a movimentação de bastidores e a manifesta intenção do presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, de disputar a eleição majoritária deste ano. O mandatário tijuquense, no entanto, precisou ver para crer.

As pesquisas, todas desfavoráveis a Tomazi, eram a principal arma de combate nas mãos de Mannrich. Com elas o ex-prefeito convenceu grande parte dos partidários de que a manutenção do poder, se o atual chefe do Executivo representasse o partido no pleito, estaria fortemente ameaçada. “Se for o Valério, vamos perder para qualquer um”, dizia o presidente do Imetro/SC, abertamente, nas suas incursões pelos eventos sociais de Tijucas. E enquanto os números eram expostos internamente, e as profecias lançadas livremente, o PMDB se dividia novamente em duas linhas de batalha: os que clamavam pelo retorno do ex-prefeito, e os que defendiam o direito à reeleição do atual.

Nos primeiros meses de 2016, os propósitos, de parte a parte, estavam claros. Um queria disputar o pleito majoritário do município, e o outro também. O prefeito e seu antecessor estavam numa guerra fria; e num fatídico encontro no gabinete principal do paço, marcado por uma discussão longa e acalorada, a animosidade definitivamente se estabeleceu. Mannrich, na saída, desafiou: “Contrate um instituto de pesquisas decente e, se estiveres na minha frente nas intenções de voto, eu abro mão da candidatura”. Tomazi apenas argumentava que seu direito natural de concorrer à reeleição deveria ser respeitado, e que não entraria em confrontos internos.

Já não havia mais relação entre o chefe do Executivo municipal e o presidente do partido. E, diante das circunstâncias, o páreo convencional era inevitável. Tal qual em 2012, o PMDB de Tijucas tinha dois postulantes à candidatura principal e se dividia novamente, com desgastes semelhantes ou mais graves que os de quatro anos atrás. A postura austera do prefeito foi se dissipando ao tempo que alguns conselheiros o instigavam ao enfrentamento partidário, sempre baseados na força da máquina pública e, especialmente, no fato de que a maior parte dos convencionais do partido ocupava cargo comissionado na estrutura municipal e que, por isso, a vitória no embate interno era certa. Tomazi, aliás, fez questão de esclarecer aos peemedebistas empregados no município que uma última visita ao Departamento Pessoal da prefeitura seria ordenada àqueles que decidissem acompanhar o ex-prefeito. Começava, então, o processo de convencimento e de constrangimento pelo voto na pré-convenção.

O prefeito, nesse meio tempo, promoveu uma reunião partidária com o colegiado municipal, cargos comissionados da prefeitura, filiados e dirigentes do PMDB de Tijucas, amigos e simpatizantes; mas não enviou convite ao presidente do partido, seu concorrente na pré-convenção. Mannrich, mesmo assim, compareceu ao evento; e, depois das explanações do chefe do Executivo, tomou o microfone para chamá-lo, de maneira enfática, de “baixinho mentiroso” e garantir aos convidados que representava a única perspectiva de vitória no pleito que se avizinhava, uma vez que a contestada gestão 2013-2016 havia obrigado aquela drástica intervenção. Tomazi e seu antecessor eram, naquele momento, inimigos declarados. E ninguém, nem mesmo os caciques do partido, próximos de ambos e ponderados, conseguiram impedir que a situação chegasse àquele ponto, apesar das tentativas.

Em 26 de abril, o Lions Clube estava abarrotado de peemedebistas, convencionais e curiosos. No fim da votação, o presidente municipal do partido comemorou. Foram 34 votos em favor de Mannrich contra apenas 20 destinados ao atual prefeito. Desta vez não houve música de Beth Carvalho, mas também não faltou quem hostilizasse Tomazi na saída do evento. O mandatário tijuquense deixou a pré-convenção claramente frustrado, e, como dirão os próximos capítulos, intimamente propenso à retaliação.

Há um mês, o PMDB sofreu a sua mais expressiva derrota na história das eleições municipais em Tijucas. O vencedor da infausta pré-convenção, presidente do partido e rival do prefeito e de todos os seus seguidores ficou 2.982 votos aquém do concorrente e protagonizou esse indigesto marco numa escala que, até então, ostentava sucessivas glórias. Tomazi votou às 10h, no Cruz e Sousa, e não foi mais visto naquele dia. Antes, porém, havia participado ativamente da campanha dos opositores, com recomendações frequentes de votos em Elói Mariano Rocha (PSD), o candidato adversário. Quis o destino que, sem planejar, os colas-brancas recebessem o apoio da prefeitura mesmo estando na trincheira contrária. E, por mais isso, o resultado diz por si.

Governo de oposição

Postado em 15 de junho de 2016
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Talvez seja a primeira ocorrência de um prefeito que se alinha à oposição na história política de Tijucas. Embora mantenha o rótulo de representante legítimo da situação, Valério Tomazi (PMDB) certamente torce – e até trabalha nos bastidores – pela derrocada do correligionário Elmis Mannrich (PMDB) nas urnas de outubro.

O mandatário tijuquense e seu antecessor, partidários em comum, não conversam; e, agora, são adversários, até inimigos. Tomazi, inclusive, nos últimos tempos, é visto frequentemente na companhia de oposicionistas. A prefeitura está fechada para Mannrich, mas, pelos fatos, escancarada para todos que se dispuserem a combater o PMDB nestas eleições. E durma-se com um barulho desses!