Treze: As alianças incompreendidas
As oposições não se entendiam. Enquanto o PSD aguardava pela decisão do engenheiro Sérgio Fernandes Cardoso, e mantinha em stand-by o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim e o advogado Marcio Rosa – o nome do professor Elói Mariano Rocha sequer era considerado nas conferências estratégicas do partido –, o PSDB, regido pela vereadora Lialda Lemos e pelo empresário Elson Junckes, liderava um movimento que prometia uma “limpeza” na prefeitura; enodoada, segundo se pregava nas reuniões do grupo, pelos últimos 12 anos de governo em Tijucas. Candidato a prefeito desde 26 de abril, o presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, se apoiava em seguidas pesquisas pré-eleitorais, todas absolutamente favoráveis ao seu projeto, e navegava em águas serenas rumo à vitória. Analistas de ocasião, cientes das conjunturas e baseados nas dificuldades dos opositores, afirmavam que o ex-prefeito apenas perderia as recentes eleições municipais se errasse indecorosamente. Talvez tenha sido o que aconteceu.
Cardoso se manteve na diretoria de Administração e Finanças do Sebrae/SC; e Mariano Rocha venceu uma concorrência interna no PSD, assumiu favoritismo entre os caciques, e provocou dissabores aterradores nos correligionários Zeferino Amorim e Rosa. Na outra esquina do triângulo, Junckes e Helio Gama (PP) se lançavam, em chapa pronta, como representantes da coalizão L.I.M.P.E. no pleito majoritário. Mannrich, por sua vez, nesse meio tempo, pedia dispensa da presidência do Imetro/SC e continuava visitando, apertando mãos, abraçando, dando colo a crianças, beijando donas de casa, distribuindo tickets de cerveja em eventos sociais, e, no tempo livre, comemorando a promulgada divisão das oposições. Com os adversários em trincheiras distintas, separados, abria-se uma enorme clareira para a manutenção do PMDB na prefeitura por mais um quadriênio.
Uma ordem da esfera superior, porém, transladou o PP, que era do L.I.M.P.E., para as bases do PSD. A manobra foi um banho de água fria no PSDB. Junckes cortou relações com Gama e decidiu, em apoio a Lialda, extinguir o movimento. O policial rodoviário federal aposentado Adalto Gomes, presidente do contestado PT, chegava de mansinho entre os peessedistas e assumia favoritismo para a composição de chapa com Mariano Rocha. E, ainda nesse momento, enquanto os opositores desfaziam relações sólidas e consideravam alianças rasas, Mannrich aguardava pacientemente por outubro e pela confirmação das pesquisas.
Caiu num estupor popular, no entanto, a notícia, ora inimaginável, da surpreendente união entre o ex-prefeito e sua mais incisiva censora na Câmara. Mannrich e Lialda conversaram, se entenderam e decidiram seguir juntos nas eleições deste ano. Por mágica, os inúmeros processos por supostos crimes de improbidade administrativa, superfaturamento e afins contra as seguidas administrações do PMDB, encaminhados pela vereadora ao Ministério Público, foram tolhidos do passado recente. “Ali Babá” abraçou a signatária dessa nefanda alcunha e provocou um embaraçoso tumulto no ninho periquito. Tanto que dois plebiscitos peemedebistas marcaram, em datas diferentes e próximas, com 19 votos a 4 e 21 a 5 contrários à aliança, o rancor que parte dos cognominados “40 Ladrões” ainda carregavam contra sua principal algoz. O presidente municipal do partido, mesmo assim, bancou a coligação com o PSDB e com a parlamentar ex-inimiga. As pesquisas de outrora, amplamente favoráveis, viriam com um elemento avaliador a mais nas próximas edições. A lucidez popular foi convocada a participar mais ativamente da campanha.
Marcio Rosa sempre esteve no PMDB. Presidiu a legenda no município até ser destituído deliberadamente. Depois que entrou em rota de colisão com Mannrich, em 2012, esteve sempre na oposição; ao partido e ao ex-amigo. Passou quatro anos arquitetando formas de confrontar o ex-prefeito publicamente, e ir à desforra. Filiado ao PSD, enxergou 2016 como palco do espetáculo, num possível – ora provável – embate eleitoral entre ambos. Mas perdeu esse direito para Mariano Rocha e preferiu se afastar dos correligionários. Semanas depois, era recebido, com honras e ovações, na convenção peemedebista; e sentava, vestindo verde, à mesa protocolar, ao lado de históricas personalidades do PMDB local, como os ex-prefeitos Nilton Fagundes e Lauro Vieira de Brito. Um abraço carinhoso, no evento, como se os recentes quatro anos sequer houvessem existido, entre o ex-presidente e o candidato periquito à prefeitura marcou o curioso encontro. Pela novidade, e, especialmente pela singularidade, o assunto permeou as discussões de botequim daquele dia até as eleições. Enquanto alguns defendiam a generosidade e bendiziam o perdão, outros, mais ranzinzas, tratavam a questão como oportunismo de parte a parte. A pulga havia se aconchegado atrás da orelha.
Não passou despercebido, entretanto, que outro pré-candidato à prefeitura pelo PSD, o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia, famoso por frases como “Nem se me derem todas as carretas do Arnaldo Peixoto, eu vou com o PMDB”, tenha passado a acompanhar Mannrich nas incursões públicas – com registros fotográficos em redes sociais, inclusive – e participado exaustivamente dos encontros de bairros e comícios dos periquitos com outros ditos de efeito. “Nunca fui tão bem recebido em lugar nenhum!”, exclamava para quem quisesse ouvir. Ele e o irmão, Henrique Amorim, a propósito, foram cabos eleitorais marcantes da campanha peemedebista no Timbé, onde têm amplo prestígio.
Dias antes do pleito, a pesquisa do respeitado Instituto Mapa trazia índices diferentes daqueles colhidos anteriormente por Mannrich; que se confirmaram em 2 de outubro. Não se pode afiançar, com certeza, que as contestadas alianças com inimigos declarados tenham influenciado diretamente no resultado; mas qualquer cidadão comum, frequentador do cotidiano de Tijucas e atento à política, concorda que mesmo os peemedebistas mais devotos estavam confusos, alguns desgostosos. Ainda hoje, passados 40 dias das eleições, se pode encontrar um periquito recostado num balcão qualquer, com o copo pela metade, repetindo o que alguns gatos-mestres da política pregavam meses atrás, quando diziam que “o ex-prefeito apenas perderia a eleição se errasse indecorosamente”.
O ELMIS só perdeu por conta do apoio do Valério TRAÍRA Tomazi e da maquina pública municipal ao PSD, do contrário, seria PMDB novamente!!!
Menos amigo, menos amigo, Jeferson.
Se a prefeitura, com toda sua estrutura e poder de barganha, tivesse com o ELMIS, ao invés de apoiar o PSD 55, garimpando votos aos montes, ele teria perdido amigo Paulo?
O resultado não seria diferente Jeferson. O povo estava determinado a mudar.
Jeferson estás esquecendo que o “povo” urgia por mudanças !!! Era evidente que a desastrosa gestão do Valério levaria a derrota eleitoral , se o Valério apoiasse o Elmis , a diferença de votos seria bem maior em favor do Elói.
Falem o que quiser, digam a desculpa que acharem melhor, mas a causa mortis foi essa mesmo nobre bloguista, “As alianças incompreendidas”. Ofendeu a inteligência mediana das pessoas. Pena que eles querem atribuir a derrota ao desejo de mudança e não aos bisonhos erros cometidos. Você acertou na mosca.
Lialda Lemos – de modo expresso e declarado, por vezes, ou por seu títere, Junckes – não só “inventaram” uma aliança esdrúxula e imperdoável com Elmis, como, com suas posturas antagônicas, anacrônicas e pedantes (donos do partido que sempre foram), ENTERRARAM o PSDB na eleição finda.
Lialda não cansava de repetir, a quem estivesse disposta a ouvir: “o PSDB sou eu”.
Varrida completamente (será?) da história política tijuquense, jogou “fora” a cadeira que um dia foi oposição aos sucessivos governos peemedebistas. Montou um grupo fraco de candidatos a vereador, prometendo (junto com Junckes) apoiar a todos, sem predileção. Mas, a prática foi outra…
Pior que isso foi a aliança que tentou buscar, com os moribundos PTB e PR. Juntas, as três siglas não elegeram ninguém…
Mas como o tema é a derrota do “favoritaço” Elmis, não há qualquer dúvida de que, das piores estratégias adotadas em 2016, a mais VISCERAL foi apertar a mão de Lialda e ver a mesma – RIDICULAMENTE – defender Elmis e o PMDB em redes sociais (travando diálogos de surdos com todos os que lhe admoestaram) e comparecendo a eventos periquitos…
Poderia ter deixado a cena pública com mais dignidade e respeito à sua própria trajetória. Se queria agradar alguns, acabou por desagradar a TODOS…
CONTINUO ACHANDO QUE O ELÓI GANHOU POR CONTA DO PODERIO DA MÁQUINA DA PREFEITURA… SEM ESSE TRATOR (PREFEITURA), NÃO TERIA MUDANÇA, NÃO TERIA NADA… SERIA ELMIS DE NOVO COM A FORÇA DO POVO!!!
O ELÓIS PSD 55 SÓ GANHOU PORQUE TEVE A FORÇA DA PREFEITURA A SEU FAVOR…
Continuo achando que de política não entendes é nada caro Jeferson. Prefeitura quebrada e administrada por pés quebrados. Mesmo que quisessem e pudessem, não ajudariam, atrapalhariam. O filme do atual prefeito é feio, impopular e odiado por todas as alas, sejam elas verdes ou amarelas. Seus votos não elegem sequer um vereador de sigla pequena, quanto mais ajudar esse ou aquele majoritário. Tas fora. Converse, pesquise e circule mais pela cidade.
Amarildo, querido.
O Valerinho não serve pra nada, mas a máquina que ele administra sim!
Sabemos que o Prefeito não abriu para ninguém em quem votaria e ajudaria a eleger, mas, nas internas, pedia votos ao candidato do PSD 55 Elói. Visitou empresas e empresários, buscou dinheiro pra campanha do Elói, inclusive, fala-se, do SAMÃE. Todo seu staff político apoiou candidatos a vereador da coligação PSD 55 Elói e o próprio Elói.
Sabemos todos que os exames, medicamentos, cirurgias e demais “produtos e serviços” da saúde foram “doados” aos montes para conseguir eleitores para o PSD 55 Elói. Da mesma forma, “produtos e serviços” de outras áreas (Educação, Obras, Transportes, Assistência Social, Agricultura, Água e Esgoto, Finanças) foram “doados” aos montes na busca incessante por votos ao candidato Elói 55 PSD.
Acho que precisas andar mais pela cidade, Amarildinho… Conhecer mais nosso cotidiano…