sexta-feira, 26 de abril de 2024 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Caminho alternativo

Postado em 25 de abril de 2023
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Foto: Luan Lucas/LDF

Em entrevista ao programa LINHA DE FRENTE, quinta-feira passada (20), o prefeito Diogo Francisco Alves Maciel, de Canelinha, confirmou que o PL – partido onde se filiou recentemente e que representa como articulador regional – tem interesse em lançar o vereador Fernando Fagundes (MDB) como candidato a prefeito em Tijucas. O parlamentar, que soma quatro legislaturas consecutivas na Câmara Municipal, já se colocou à disposição para a disputa majoritária na Capital do Vale; mas tem o ex-prefeito Elmis Mannrich como concorrente interno na seara emedebista.

“Chega um momento em que, ou a gente se sente confortável, acolhido e acarinhado onde está, ou precisa procurar outro ambiente. O Fernando corre o risco de ser uma eterna promessa da política de Tijucas. Para que se ganhe uma guerra, tem-se que começar a lutar”, respondeu Alves Maciel quando provocado sobre o tema.

 

ASSÉDIO

As investidas do PL têm sido frequentes. Para convencer o filho do saudoso ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes à filiação foram designados, especialmente, o deputado estadual Carlos Humberto Metznet Silva (PL) e o empresário Felipe Lemos, tijuquense radicado em São João Batista, com quem o vereador tem relação muito próxima e conversa sistematicamente.

No fim de semana, a propósito, os três estiveram juntos e alinhados na recepção ao deputado federal Jorge Goetten (PL-SC), que cumpriu roteiro no Vale do Rio Tijucas.

Amigos rivais

Postado em 30 de abril de 2019
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Os itinerários do vice-prefeito Adalto Gomes (PT) e do vereador Fernando Fagundes (MDB) têm coincidido bastante ultimamente. Quando não casualmente, em confraternizações e entre amigos comuns, os encontros são provocados; a exemplo de uma visita do adjunto tijuquense ao ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes, pai do parlamentar. Pode ser apenas cortesia e diplomacia – já que o patriarca dos Fagundes esteve com a saúde comprometida recentemente –, mas há quem garanta que essa aproximação tem a ver com o pleito majoritário de 2020.

Gomes tem cada vez menos espaço entre os colas-brancas, e vê as chances de candidatura a prefeito, com suporte do governo, se esvaírem nos clamores de reeleição a Elói Mariano Rocha (PSD). E o vereador, presidente municipal do MDB, pode ser o fio condutor para uma composição com o partido que mais vezes governou Tijucas. Ninguém afirma e nem confirma, mas essa possível aliança vem sendo especulada desde que Fagundes foi recebido, amistosa e discretamente, para uma conversa, a portas fechadas, com o vice-prefeito na Secretaria de Obras, Transportes e Serviços Públicos meses atrás. Pois, então?!

Nova versão

Postado em 9 de outubro de 2018
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É preciso dizer, sobre a nota “Eleição dentro da eleição“, de ontem no Blog, que o ex-prefeito Elmis Mannrich (MDB) participou do encontro na casa da Família Fagundes – do presidente do MDB em Tijucas, vereador Fernando Fagundes, e do ex-prefeito e ex-deputado estadual Nilton “Gordo” Fagundes – na consumação da derrota de Mauro Mariani (MDB) no primeiro turno da eleição para o governo de Santa Catarina. Portanto, se existe um litígio entre os clãs no seio periquito, a diplomacia e o respeito ainda imperam.

O presidente municipal do MDB garante, ainda, que “não havia champanhe e tampouco festa”, e que o fato narrado ao colunista teria sido criado para “criar intrigas”. Como incitar testilhas nunca foi e jamais será o objetivo do Blog, faça-se valer a verdade.

Eleição dentro da eleição

Postado em 8 de outubro de 2018
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O candidato do MDB na concorrência majoritária do Estado, deputado federal Mauro Mariani, sequer chegou ao segundo turno. Mas a tristeza passou longe da casa dos Fagundes – do presidente do MDB de Tijucas, vereador Fernando Fagundes e do ex-prefeito e ex-deputado estadual Nilton “Gordo” Fagundes. Quem foi ao evento conta que as champagnes estouravam à medida que os convidados chegavam para celebrar a eleição do ibiramense Jerry Comper (MDB) ao parlamento catarinense.

A comemoração se justifica. Comper chefiou o gabinete do finado deputado estadual Aldo Schneider (MDB), empregador, na Assembleia Legislativa, da mãe e da irmã do presidente municipal do partido. Além do quê, no cabo de guerra interno com o ex-prefeito Elmis Mannrich (MDB), que é cada vez mais público, os Fagundes também lograram êxito ao somarem 585 votos para Jerry do Aldo na cidade contra os 187 que o ex-mandatário transferiu para Valdir Cobalchini. Pois, então?!

Adeus, Aldo

Postado em 20 de agosto de 2018
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Luto e lamentos na classe política com a morte, ontem à tarde, no Hospital da Unimed, em Balneário Camboriú, do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Aldo Schneider (MDB), de apenas 57 anos, que tinha estreita ligação com Tijucas e a região da Costa Esmeralda.

Havia lançado a pré-candidatura à reeleição, mas, com a saúde muito comprometida, em decorrência de um câncer na coluna, já tinha passado o bastão ao chefe de gabinete, Jerry Comper (MDB), que, por sua vez, adotou o nome de urna “Jerry do Aldo” para estas eleições.

TRANSFERÊNCIA

Schneider seria o candidato a deputado estadual apoiado pela Família Fagundes – do presidente municipal do MDB, vereador Fernando Fagundes, e do ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes – em Tijucas. Foi quem, a propósito, abriu as portas da Alesc para a ex-chefe de gabinete da prefeitura Flávia Fagundes, que trocou uma gerência no Imetro/SC por um cargo no escalão presidencial do Legislativo catarinense em janeiro.

Não à toa, a família abraçou, com afinco, a campanha de Jerry Comper na cidade e região.

Pré-candidatura

Postado em 28 de novembro de 2017
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Recém-eleito presidente municipal do PMDB, o vereador Fernando Fagundes diz, para quem quiser ouvir, que trabalha para ser opção no pleito majoritário de 2020 em Tijucas. Garante que o projeto conta com o aval do ex-prefeito Elmis Mannrich – líder incontestável dos periquitos no município –, e que a tomada do partido foi, sobretudo, uma forma de dar corpo ao plano de governar a Capital do Vale.

Se conseguir, o parlamentar, que cumpre a terceira legislatura consecutiva, será o primeiro filho de um ex-prefeito na história de Tijucas a alcançar a chefia do Executivo. O pai, Nilton “Gordo” Fagundes, comandou o município na década de 80.

Prato frio

Postado em 1 de novembro de 2017
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Considerado algoz do PMDB nas eleições de 2016, o ex-prefeito Valério Tomazi (PMDB) – que teria, veladamente, prestado apoio à campanha de Elói Mariano Rocha (PSD) no pleito majoritário do ano passado – começa a colher os frutos do plantio. Não integra, nem entre os suplentes, a nova composição do diretório municipal do partido. Mas continua filiado à legenda.

O engenheiro é, inclusive, o único ex-prefeito periquito, ainda vivo, que não participa do diretório. Os outros – Elmis Mannrich, Nilton “Gordo” Fagundes e Lauro Vieira de Brito – continuam ativos, titulares, e em posições de destaque.

POR TABELA

A propósito: alguns periquitos históricos, mais próximos de Tomazi e compreensivos às suas razões, também perderam espaço na nova formação. Membros titulares do diretório em épocas passadas, eles foram rebaixados a suplentes ou simplesmente excluídos do grêmio.

Perdas e danos

Postado em 21 de julho de 2017
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O blog se solidariza com a ex-chefe de gabinete da prefeitura de Tijucas, Flávia Fagundes que serviu ao município nas gestões dos ex-prefeitos Elmis Mannrich (PMDB) e Valério Tomazi (PMDB) , irmã do vereador Fernando Fagundes (PMDB) e filha do ex-prefeito e ex-deputado estadual Nilton “Gordo” Fagundes, vítima, ontem, durante apagão generalizado na cidade, de assalto a mão armada no portão de casa, na região central da Capital do Vale.

Os assaltantes renderam a atual assistente da presidência do Imetro-SC (Instituto de Metrologia de Santa Catarina) e levaram o veículo Hyundai HB20 branco, placas QIJ-9135, que ela conduzia. Qualquer informação acerca do paradeiro do carro pode ser repassada à polícia.

Quatorze: A busca pelo vice perfeito

Postado em 22 de novembro de 2016
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Desde a oficialização da candidatura de Elmis Mannrich à prefeitura de Tijucas nas eleições 2016, o presidente municipal do PMDB tinha uma prerrogativa que não abria mão. Era exclusivamente dele, sem interferência da executiva do partido, a escolha do candidato a vice-prefeito. Internamente, nas discussões das possibilidades, pregava-se que não havia a necessidade de que o segundo nome na chapa somasse votos ou apoios – virtude das sucessivas pesquisas pré-eleitorais, todas amplamente favoráveis –; mas que também não trouxesse qualquer negatividade à campanha.

Vereador por cinco legislaturas consecutivas, com longo histórico de serviços prestados ao PMDB, de família tradicionalmente periquita e numerosa, Edson Souza não estava entre as primeiras opções. Longe disso, aliás; embora houvesse uma corrente nas internas do partido que defendia essa hipótese. Mannrich temia principalmente os efeitos da recente Operação Iceberg, deflagrada pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) em 2015, e que ainda investiga 16 membros do parlamento municipal por desvios de verbas públicas em diárias de cursos inexistentes em Curitiba. Para o candidato a prefeito, a formação da chapa com o vereador traria essa mancha à campanha.

Enquanto isso, tentativas frustradas se acumulavam. O primeiro convite, a propósito, teria sido feito no início de março. O empresário Sebastião Koch, da rede de supermercados Koch, nega que tenha recebido a oferta; mas uma série de informações extraoficiais garante que as tratativas existiram. E, embora tenha havido insucesso nessa empreitada, estava, portanto, traçado o perfil ideal nas intenções do presidente municipal do PMDB. Mannrich ansiava por alguém que não participasse diretamente da roda política, e que, se possível, trouxesse poderio econômico à campanha. Os demais ensaios evidenciam essa predisposição.

As oposições caminhavam lentamente, e seus líderes não se entendiam. Não havia, pois, partido – com exceção do PSD, que liderava um movimento de rivalidade – impedido de compor com o PMDB, e adversários também eram considerados. Tanto que o empresário Geremias Teles Silva, um dos sustentáculos do DEM no município, recebeu, por intermédio do ex-prefeito e ex-deputado estadual Nilton “Gordo” Fagundes (PMDB), com quem tem relação muito próxima, uma sondagem de Mannrich. A negativa chegou pelo mesmo mensageiro. O proprietário da Comparts reafirmou seu desinteresse por candidaturas eletivas e o compromisso ora firmado com o irmão, vereador José Leal da Silva Júnior (PSD), e com o engenheiro Sérgio Fernandes Cardoso, que encabeçava a campanha dos peessedistas no município.

Também filiado ao DEM e com largo histórico cola-branca, o contabilista José Carlos de Souza recebeu o chamado de Mannrich para uma possível composição. E gostou do que ouviu. Em princípio, ficou balançado com o convite; mas cedeu à resistência da família, especialmente da mulher, que rejeitou peremptoriamente a ideia.

As notícias acumulavam dramaticidade nos noticiários de bastidores – a exemplo do blog –, e depois de cada empenho fracassado na busca pelo candidato a vice-prefeito, os entusiastas do movimento “chapa pura” ganhavam novos adeptos nas internas do PMDB de Tijucas. As pressões para que o vereador Edson Souza participasse da composição majoritária aumentavam; e, embora Mannrich ainda resistisse, reconhecia que as alternativas estavam ficando escassas e que manter a unidade da legenda também seria um bom negócio. Mas havia, além do parlamentar, opções que pudessem cumprir o perfil idealizado pelo ex-prefeito nas fileiras do partido. O empresário Luiz Antônio Maurício, em princípio, trazia os requisitos básicos: jamais havia concorrido a qualquer cargo eletivo, participava ativamente do movimento peemedebista, e tinha poder econômico satisfatório. Mas, apesar do apelo, também esbarrou em pendências pessoais – entre elas, a reação contrária da família. A escala voltava à estaca zero.

Melhor colocado entre os opositores nas pesquisas pré-eleitorais, o policial rodoviário federal aposentado Adalto Gomes (PT) remava sozinho, sem apoios consistentes, pela candidatura a prefeito. Chegou a vencer uma concorrência interna no movimento L.I.M.P.E., liderado pelo PSDB, mas não teve os prometidos aportes políticos oficializados, e passou a considerar outras hipóteses. Ser candidato a vice-prefeito era uma delas. Petistas da executiva municipal passaram a discutir as possibilidades de uma composição majoritária em dois encontros com Mannrich. As conversas não evoluíram; porque o presidente municipal do PMDB temia que a aliança com o PT – que acumulava rejeições avassaladoras na esfera nacional – pudesse comprometer a campanha, e porque o candidato a prefeito vencido em 2012, que não participou das reuniões com o líder peemedebista, também não estava convicto de que esse seria o melhor caminho.

Neste momento, o nome do empresário Elson Junckes, que presidia o PSDB no município, ganhava força entre alguns membros da executiva peemedebista. Unia o ineditismo político à robustez financeira; mas, na contrapartida, trazia as rusgas acumuladas em oito anos de uma oposição despótica protagonizada pela vereadora Lialda Lemos (PSDB) ao PMDB na Câmara. As diferenças pessoais entre Mannrich e o líder tucano também eram empecilho. Enquanto houvesse escolha, um preferia não ter que conviver com o outro.

Não havia muito mais criatividade nos juízos do presidente municipal do PMDB, e Souza, o vereador, aguardava paciente e pacificamente. A proximidade das convenções partidárias já era uma realidade, e o candidato a vice-prefeito ideal não surgia. Em meio à angústia, o nome da ex-secretária de Educação do município, professora Márcia Machado Maurício – que comandou a pasta na segunda gestão de Mannrich, justo no período em que o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) municipal mostrou a sua pior marca –, chegou a ser considerado; mas não empolgou.

O último empenho, porém, foi com o jovem empresário Thiago Peixoto dos Anjos, que administra o Hotel do Valle em paralelo às investidas no mercado imobiliário da cidade e região. Mais uma vez a família, e, especialmente, o temor pelos custos da campanha, foram determinantes para a negativa ao convite. Na manhã seguinte, em 2 de agosto, três dias antes da convenção oficial do PMDB, Mannrich se reuniu com Edson Souza e oficializou, enfim, a chapa pura, como grande parte do diretório peemedebista desejava para a disputa das recentes eleições majoritárias.

Que o candidato a vice-prefeito tenha influenciado negativamente na campanha do PMDB, conforme receava o presidente municipal do partido, não se pode afirmar. Pode-se, sim, afiançar que esse equívoco, se existiu, não está na conta de Mannrich. Afinal, tentativas, de acordo com os fatos narrados neste penúltimo episódio da série “Os 15 Motivos”, não faltaram. Além de serem derrotados, juntos, nas eleições de 2016 por uma diferença epopeica de votos, Elmis & Edson perderam também, durante a campanha, o discurso de que os vereadores investigados na Iceberg estavam abraçados aos adversários.

Treze: As alianças incompreendidas

Postado em 14 de novembro de 2016
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As oposições não se entendiam. Enquanto o PSD aguardava pela decisão do engenheiro Sérgio Fernandes Cardoso, e mantinha em stand-by o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim e o advogado Marcio Rosa – o nome do professor Elói Mariano Rocha sequer era considerado nas conferências estratégicas do partido –, o PSDB, regido pela vereadora Lialda Lemos e pelo empresário Elson Junckes, liderava um movimento que prometia uma “limpeza” na prefeitura; enodoada, segundo se pregava nas reuniões do grupo, pelos últimos 12 anos de governo em Tijucas. Candidato a prefeito desde 26 de abril, o presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, se apoiava em seguidas pesquisas pré-eleitorais, todas absolutamente favoráveis ao seu projeto, e navegava em águas serenas rumo à vitória. Analistas de ocasião, cientes das conjunturas e baseados nas dificuldades dos opositores, afirmavam que o ex-prefeito apenas perderia as recentes eleições municipais se errasse indecorosamente. Talvez tenha sido o que aconteceu.

Cardoso se manteve na diretoria de Administração e Finanças do Sebrae/SC; e Mariano Rocha venceu uma concorrência interna no PSD, assumiu favoritismo entre os caciques, e provocou dissabores aterradores nos correligionários Zeferino Amorim e Rosa. Na outra esquina do triângulo, Junckes e Helio Gama (PP) se lançavam, em chapa pronta, como representantes da coalizão L.I.M.P.E. no pleito majoritário. Mannrich, por sua vez, nesse meio tempo, pedia dispensa da presidência do Imetro/SC e continuava visitando, apertando mãos, abraçando, dando colo a crianças, beijando donas de casa, distribuindo tickets de cerveja em eventos sociais, e, no tempo livre, comemorando a promulgada divisão das oposições. Com os adversários em trincheiras distintas, separados, abria-se uma enorme clareira para a manutenção do PMDB na prefeitura por mais um quadriênio.

Uma ordem da esfera superior, porém, transladou o PP, que era do L.I.M.P.E., para as bases do PSD. A manobra foi um banho de água fria no PSDB. Junckes cortou relações com Gama e decidiu, em apoio a Lialda, extinguir o movimento. O policial rodoviário federal aposentado Adalto Gomes, presidente do contestado PT, chegava de mansinho entre os peessedistas e assumia favoritismo para a composição de chapa com Mariano Rocha. E, ainda nesse momento, enquanto os opositores desfaziam relações sólidas e consideravam alianças rasas, Mannrich aguardava pacientemente por outubro e pela confirmação das pesquisas.

Caiu num estupor popular, no entanto, a notícia, ora inimaginável, da surpreendente união entre o ex-prefeito e sua mais incisiva censora na Câmara. Mannrich e Lialda conversaram, se entenderam e decidiram seguir juntos nas eleições deste ano. Por mágica, os inúmeros processos por supostos crimes de improbidade administrativa, superfaturamento e afins contra as seguidas administrações do PMDB, encaminhados pela vereadora ao Ministério Público, foram tolhidos do passado recente. “Ali Babá” abraçou a signatária dessa nefanda alcunha e provocou um embaraçoso tumulto no ninho periquito. Tanto que dois plebiscitos peemedebistas marcaram, em datas diferentes e próximas, com 19 votos a 4 e 21 a 5 contrários à aliança, o rancor que parte dos cognominados “40 Ladrões” ainda carregavam contra sua principal algoz. O presidente municipal do partido, mesmo assim, bancou a coligação com o PSDB e com a parlamentar ex-inimiga. As pesquisas de outrora, amplamente favoráveis, viriam com um elemento avaliador a mais nas próximas edições. A lucidez popular foi convocada a participar mais ativamente da campanha.

Marcio Rosa sempre esteve no PMDB. Presidiu a legenda no município até ser destituído deliberadamente. Depois que entrou em rota de colisão com Mannrich, em 2012, esteve sempre na oposição; ao partido e ao ex-amigo. Passou quatro anos arquitetando formas de confrontar o ex-prefeito publicamente, e ir à desforra. Filiado ao PSD, enxergou 2016 como palco do espetáculo, num possível – ora provável – embate eleitoral entre ambos. Mas perdeu esse direito para Mariano Rocha e preferiu se afastar dos correligionários. Semanas depois, era recebido, com honras e ovações, na convenção peemedebista; e sentava, vestindo verde, à mesa protocolar, ao lado de históricas personalidades do PMDB local, como os ex-prefeitos Nilton Fagundes e Lauro Vieira de Brito. Um abraço carinhoso, no evento, como se os recentes quatro anos sequer houvessem existido, entre o ex-presidente e o candidato periquito à prefeitura marcou o curioso encontro. Pela novidade, e, especialmente pela singularidade, o assunto permeou as discussões de botequim daquele dia até as eleições. Enquanto alguns defendiam a generosidade e bendiziam o perdão, outros, mais ranzinzas, tratavam a questão como oportunismo de parte a parte. A pulga havia se aconchegado atrás da orelha.

Não passou despercebido, entretanto, que outro pré-candidato à prefeitura pelo PSD, o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia, famoso por frases como “Nem se me derem todas as carretas do Arnaldo Peixoto, eu vou com o PMDB”, tenha passado a acompanhar Mannrich nas incursões públicas – com registros fotográficos em redes sociais, inclusive – e participado exaustivamente dos encontros de bairros e comícios dos periquitos com outros ditos de efeito. “Nunca fui tão bem recebido em lugar nenhum!”, exclamava para quem quisesse ouvir. Ele e o irmão, Henrique Amorim, a propósito, foram cabos eleitorais marcantes da campanha peemedebista no Timbé, onde têm amplo prestígio.

Dias antes do pleito, a pesquisa do respeitado Instituto Mapa trazia índices diferentes daqueles colhidos anteriormente por Mannrich; que se confirmaram em 2 de outubro. Não se pode afiançar, com certeza, que as contestadas alianças com inimigos declarados tenham influenciado diretamente no resultado; mas qualquer cidadão comum, frequentador do cotidiano de Tijucas e atento à política, concorda que mesmo os peemedebistas mais devotos estavam confusos, alguns desgostosos. Ainda hoje, passados 40 dias das eleições, se pode encontrar um periquito recostado num balcão qualquer, com o copo pela metade, repetindo o que alguns gatos-mestres da política pregavam meses atrás, quando diziam que “o ex-prefeito apenas perderia a eleição se errasse indecorosamente”.