sábado, 27 de abril de 2024 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Três: O filho adotivo

Postado em 6 de outubro de 2016
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No segundo semestre de 2008, Elmis Mannrich (PMDB) estava nos braços do povo. Em apenas três anos e meio, o prefeito de Tijucas ostentava o título informal de “melhor de todos os tempos” e caminhava a passos largos para a reeleição. Na retaguarda, sempre atenta e sagaz, a chefe de gabinete Flávia Fagundes filha do ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes contribuía vigorosamente para a impressionante aprovação popular da administração municipal e, consequentemente, para a excelente imagem do chefe. Era ela quem fazia o atendimento aos pleitos da sociedade, encaminhava urgências ao prefeito, regia o colegiado municipal e cuidava pessoalmente de algumas demandas que pudessem ser terceirizadas. Chegava antes e saía da prefeitura depois de todos. Tinha pulso, jogo de cintura e vontade de trabalhar; além da fidelidade irreparável ao partido e, especialmente, ao patrão, a quem servia desde os tempos do escritório de advocacia.

Na carona desse ótimo momento, Fernando Fagundes (PMDB) despontava entre os jovens candidatos à Câmara na época. Filho de um dos políticos mais populares da história de Tijucas, peemedebista de berço, irmão da chefe de gabinete e frequente de inúmeros grupos sociais da cidade, tinha tudo para estrear bem nas concorrências eleitorais. Não deu outra. Em 5 de outubro daquele ano, ele recebeu 1.381 votos 20 a menos que a primeira colocada Marilú Duarte Carvalho (PMDB), então braço direito do secretário de Saúde à época, Walter Gomes Filho e conquistou, com virtudes sobejas, uma cadeira no Legislativo.

Mannrich estava reeleito e Fernando do Gordo na Câmara em 2009. Tudo parecia em ordem, não fosse a contestação dos métodos, inclusive pelos partidários, vereadores reeleitos e históricos, que, por ciúme ou por direito, passaram às objeções veladas. Formou-se, nos meses anteriores e anos seguintes à campanha, um elemento populário de que a estrutura municipal operava em função do irmão da chefe de gabinete. Alguns comissionados da prefeitura, inclusive, admitem quem eram mais valorizados se manifestassem apoio ao vereador e trabalhassem nesse sentido; e os demais parlamentares do partido, que não tinham as mesmas vantagens, começavam a ignorar alguns interesses da administração municipal na Câmara em razão dessa situação. Edson Souza e Elizabete Mianes da Silva eram, visivelmente, dois dos mais incomodados na época.

Fernando Fagundes continuou bem-sucedido nos pleitos eleitorais seguintes, sempre com expressiva votação. Neste, de 2016, era, flagrantemente, o candidato a vereador do candidato a prefeito. A esmagadora maioria dos cabos eleitorais do partido eram, e foram, também replicadores de votos para o edil reeleito; que, desta vez, somou 1.141 indicações e liderou, pela segunda vez consecutiva, a lista proporcional de classificados. O sucesso, porém, veio pela metade. Mannrich sofreu seu mais amargo revés, para tristeza de muitos e alegria de outros  principalmente de alguns que buscavam apenas a igualdade de privilégios nos seus governos anteriores.

6 Comentários em “Três: O filho adotivo”

  1. Antonio lopes disse:

    É meu caro Léo, vai demorar para superar a Sra. Marilu, e mesmo não sendo candidata continua a atender a todos com profissionalismo de sempre, a se todos os funcionários públicos fossem assim!

  2. Leão da ilha disse:

    É verdade mas 2012 não teve a mesma votação será que o marido estava menos simpático…kkkkkk

  3. Águia Que Sobrevoa disse:

    A política brasileira é pródiga em hereditarismo… Há pessoas que, mesmo sem a menor qualificação, “herdam” os votos dos pais e/ou parentes, como se isso se transmitisse facilmente de uns para outros. O cidadão em comento valeu-se do “apadrinhamento” do partido e dos escalões de governo. É a velha – e nefasta – prática do clientelismo. É o atendimento assistencial com os “pires” dos outros. Cabe ao poder público (prefeitura e secretarias) atender às necessidades do cidadão. Não aos políticos. Nos gabinetes dos treze atuais vereadores, em suas mesas, estão pilhas e mais pilhas de “pedichos”. A grande maioria receituários médicos e pedidos de consultas, quando não outras quinquilharias, que o zé povinho acha ser “obrigação” os políticos (?) quitarem. Política velha, carcomida, fétida e podre. Por isso, Tijucas permanece atada ao seu passado, enxergando de binóculo um futuro que parece não vir… E não virá enquanto estes continuarem sendo os escolhidos e os mais votados. Duvido muito que, já na próxima, o cidadão faça os mesmos “mais de mil” votos, porque, desta vez, ao contrário das anteriores, não terá gente trabalhando para ele… Talvez não faça nem 20% dos votos… Situações similares ilustram a política brasileira…

  4. Antonio lopes disse:

    Meu caro Leão da ilha, estou elogiando a funcionária Pública Marilu profissional e não o seu marido, conversando com a mesma ela me contou que vc e sua mulher conseguiram um emprego graças a ela pois nenhum vereador te suportava mais, e vivias todas as manhãs no corredor da PMT duplicando por emprego e não por trabalho! Agora vás ter que viver com sexta básica da mamãe!!!

  5. Zé da INCOPE disse:

    Vamo vê ele fazer oo-popo-ssi-çaããoo.

  6. Thiago Furtado disse:

    O que é de espantar. Como vereador, nada propõe. A criatividade é zero e o ostracismo latente. A maneira de fazer política é a mais antiga possível: “…frequente de inúmeros grupos sociais da cidade”. Uma tristeza. Pior: é um dos envolvidos no escândalo da Câmara e é reeleito como o vereador mais votado. A que chamar essa decisão dos eleitores?! Votos só pela camaradagem e pelos favores intermináveis…

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