terça-feira, 3 de dezembro de 2024 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA
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Nem mesmo os mais otimistas acreditavam que o prefeito Valério Tomazi (PMDB) pudesse vencer a pré-convenção do partido, em 26 de abril. O favorito, ex-prefeito Elmis Mannrich (PMDB), tinha o diretório nas mãos e contava com amplo prestígio na cúpula peemedebista, além de manter precisas relações na estrutura pública do município. A distância entre o vitorioso e o derrotado especialmente no quesito aptidão política ficou comprovada na abertura da urna. Das 54 indicações possíveis, o presidente do PMDB de Tijucas assegurou 34; e as outras 20 foram direcionadas ao atual chefe do Executivo municipal.

Os dois concorrentes adotaram estratégias peculiares nas abordagens aos convencionais. Mannrich se sustentou no carisma, na proximidade com os partidários, e pautou o discurso nas pesquisas de opinião pública a respeito da administração municipal vigente que, de acordo com os institutos contratados, trazia índices de reprovação aterradores. O prefeito, no entanto, em desvantagem, tentou marcar o território com advertências intimidadoras aos comissionados que participavam da executiva peemedebista. Nas reuniões do alto escalão do município, Tomazi era claro quanto às consequências que uma derrota na pré-convenção provocaria. Palavras como “exoneração”, “demissão” e “dispensa” passaram a ser repetidas sistematicamente nos corredores do paço, sempre acompanhadas de outras como “vingança” e “retaliação”.

Na véspera do pleito interno do PMDB, o chefe do Executivo municipal revisitou praticamente todos os membros do diretório. De um a um exceto daqueles que não dependiam do governo e haviam manifestado abertamente preferência por Mannrich , ele recebeu promessas de voto na pré-convenção. Se pelo menos a maioria mantivesse a palavra, a sequência do projeto de reeleição estava assegurada. No entanto, depois da abertura da urna, a confiança de outrora transformou-se em frustração e mágoa. Tomazi não perdeu apenas uma disputa partidária. Perdeu amigos, e sentiu no âmago o indecoroso pesar da traição. A temporada de caça às bruxas, contudo, estava oficialmente aberta.

Findadas as férias do prefeito que serviram fundamentalmente para articular a desejada vitória na pré-convenção , em 5 de maio, ele voltou ao trabalho. Durante o expediente, o clima era de apreensão. Tomazi não saiu do gabinete naquele dia. Às 17h, porém, os protestos incontidos da secretária de Finanças do município, Rosângela de Fátima Leal da Veiga, pelos corredores da prefeitura anunciavam que as ameaças estavam sendo cumpridas. Além dela, mais seis comissionados da estrutura municipal perderam o emprego naquela primeira chamada. Outras quatro cartas de exoneração foram entregues nos dias seguintes; e dezenas de nomes ainda permaneciam numa lista pessoal do mandatário tijuquense. Embora qualquer poste de Tijucas tivesse certeza que as demissões foram motivadas pelos desgastes da pré-convenção, o chefe do Executivo municipal tratava o assunto, nas entrevistas e incursões públicas, como atenção a um plano de contenção de despesas do município.

A prefeitura operava normalmente, mas com portas fechadas para Mannrich. O candidato a prefeito do PMDB era persona non grata nas seções da administração municipal desde o embate interno do partido. Tomazi, nos encontros seguintes com o funcionalismo em comissão, fazia novas advertências. “Se eu souber que alguém deu um prego, vai ter que pedir emprego lá no Imetro (autarquia estadual que o ex-prefeito presidia na época)” era uma delas. Não se pode dizer, no entanto, que o aviso servisse para os eleitores de ambos os postulantes ao cargo máximo do município. O professor Elói Mariano Rocha (PSD) era oficializado como candidato da oposição na concorrência majoritária e recebia, inclusive, a bênção do mandatário tijuquense. O prefeito chegou a apresentar o oposicionista, de gabinete em gabinete, no paço municipal, como representante do governo de Tijucas na corrida eleitoral de 2016.

As demissões de peemedebistas cessaram, mas alguns aliados da oposição passaram a receber espaço na administração municipal e, evidentemente, atuaram em favor de Mariano Rocha, ou pelo menos impediram que a máquina pública fosse usada em benefício de Mannrich. A guerra declarada entre o prefeito e seu antecessor trouxe consequências violentas ao PMDB e seu projeto de manutenção do poder. O candidato do partido remava exaustivamente contra uma corrente chamada “mudança”, e não suportou quando o principal tripulante decidiu abandonar o barco.

No vermelho

Postado em 20 de maio de 2016
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Se o ex-prefeito Elmis Mannrich (PMDB) estiver com a razão, caem por terra todas as retóricas de saneamento das finanças da prefeitura de Tijucas aplicadas insistentemente pelos defensores do prefeito Valério Tomazi (PMDB) em justificativa à ausência de obras relevantes na cidade.

“Deixei menos de R$ 3,5 milhões em compromissos do município quando saí. No último levantamento, feito pela ex-secretária Rosângela de Fátima Leal da Veiga a pedido do prefeito, meses atrás, o débito da prefeitura já passava dos R$ 10 milhões”, revela o presidente do PMDB municipal. Pois, então?!

Versão oficial

Postado em 16 de maio de 2016
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Dispensada do cargo pelo prefeito Valério Tomazi (PMDB), a ex-secretária de Finanças do município de Tijucas, Rosângela de Fátima Leal da Veiga, rebate a informação do passarinho transparente, publicada sexta-feira (13), no blog, sob o título “Munição“.

Segundo ela, o noticiado encontro com o ex-prefeito Elmis Mannrich (PMDB) não aconteceu; e não existe, da sua parte, qualquer intenção de prejudicar, por represália ou mágoa, o mandato de Tomazi. “Sou uma profissional ética, e jamais puxaria o tapete de alguém. É página virada”, garante a ex-secretária.

Munição

Postado em 13 de maio de 2016
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Passarinho transparente jura que viu a ex-secretária de Finanças do município, Rosângela de Fátima Leal da Veiga, descer do carro, hoje, por volta das 13h, carregada de pastas, envelopes e pacotes. Segundos depois, de acordo com a ave sinistra, ela entrou no escritório pessoal do ex-prefeito Elmis Mannrich (PMDB), anexo ao Bar do Biga, ao lado da Câmara Municipal, na região central de Tijucas.

Pode ser nada e também pode ser tudo. Por via das dúvidas, é prudente que o prefeito Valério Tomazi (PMDB) ponha as barbas – ou o bigode – de molho. Uma guerra terminou; mas outra pode estar apenas começando.

Sete, por hoje

Postado em 5 de maio de 2016
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A profecia começou a ser cumprida no fim da tarde. Passava das 16h quando a secretária de Finanças do município, Rosângela de Fátima Leal da Veiga, recebeu a secretária de Administração, Michele Peixer Pereira dos Santos, que, aos prantos, comunicou a primeira demissão do dia. “Vou matar este vagabundo”, bradava pelos corredores da prefeitura, inconformada, depois do anúncio, a gestora exonerada. O blog, a propósito, antecipou essa dispensa na nota “Tesoura afiada“, de segunda-feira (2).

Quase ao mesmo tempo, Edson Dias, ex-cunhado do presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, também recebeu a carta de exoneração. A partir daí, coube ao chefe do Departamento Pessoal da prefeitura, Sebastião Silva, o Tião, a tarefa de comunicar as demissões aos servidores comissionados que preferiram acompanhar o ex-prefeito nas contendas internas do partido. Responsável pela frota municipal, Carlos Alberto da Silva, o Calinho da Nita, caiu em seguida; e depois veio a demissão de Ironildo da Silva, o Biga.

Da Secretaria de Obras, Transportes e Serviços Públicos, saiu Helio Dias. Lotada na Secretaria de Educação, Karolina Kruscinski Marcolla não recebeu a carta de demissão porque está cumprindo folga, mas o ofício está assinado pelo prefeito Valério Tomazi. Por fim, Jardel da Silva também perdeu o emprego na sequência.

De acordo com fontes ligadas à administração municipal, os cortes na relação de comissionados não cessam por aqui. Há indícios de que, neste primeiro momento, os demitidos sejam 18. Na primeira levada, foram sete. E a angústia só aumenta.

Tesoura afiada

Postado em 2 de maio de 2016
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A vingança vem a cavalo. Nesta quarta-feira (4), oito dias depois da derrota na pré-convenção do PMDB de Tijucas, o prefeito Valério Tomazi volta das férias e reassume a chefia do Executivo municipal. O anunciado corte em massa nos cargos comissionados está na pauta.

Fontes próximas ao mandatário tijuquense afiançam que a mudança emergencial está prevista para a Secretaria de Finanças. Rosângela de Fátima Leal da Veiga estaria na iminência de perder o posto que ocupa há quase 12 anos. O diretor do Samae, Wilson Bernardo de Souza, assumiria a pasta interinamente e acumularia essa função.

Outros comissionados de escalões inferiores também devem receber a carta de exoneração. Há indícios de que Tomazi deva reduzir os cargos de confiança – já que o termo não se justificou nas prévias do partido – em cerca de 60%.