quarta-feira, 8 de maio de 2024 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Três: O filho adotivo

Postado em 6 de outubro de 2016
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No segundo semestre de 2008, Elmis Mannrich (PMDB) estava nos braços do povo. Em apenas três anos e meio, o prefeito de Tijucas ostentava o título informal de “melhor de todos os tempos” e caminhava a passos largos para a reeleição. Na retaguarda, sempre atenta e sagaz, a chefe de gabinete Flávia Fagundes filha do ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes contribuía vigorosamente para a impressionante aprovação popular da administração municipal e, consequentemente, para a excelente imagem do chefe. Era ela quem fazia o atendimento aos pleitos da sociedade, encaminhava urgências ao prefeito, regia o colegiado municipal e cuidava pessoalmente de algumas demandas que pudessem ser terceirizadas. Chegava antes e saía da prefeitura depois de todos. Tinha pulso, jogo de cintura e vontade de trabalhar; além da fidelidade irreparável ao partido e, especialmente, ao patrão, a quem servia desde os tempos do escritório de advocacia.

Na carona desse ótimo momento, Fernando Fagundes (PMDB) despontava entre os jovens candidatos à Câmara na época. Filho de um dos políticos mais populares da história de Tijucas, peemedebista de berço, irmão da chefe de gabinete e frequente de inúmeros grupos sociais da cidade, tinha tudo para estrear bem nas concorrências eleitorais. Não deu outra. Em 5 de outubro daquele ano, ele recebeu 1.381 votos 20 a menos que a primeira colocada Marilú Duarte Carvalho (PMDB), então braço direito do secretário de Saúde à época, Walter Gomes Filho e conquistou, com virtudes sobejas, uma cadeira no Legislativo.

Mannrich estava reeleito e Fernando do Gordo na Câmara em 2009. Tudo parecia em ordem, não fosse a contestação dos métodos, inclusive pelos partidários, vereadores reeleitos e históricos, que, por ciúme ou por direito, passaram às objeções veladas. Formou-se, nos meses anteriores e anos seguintes à campanha, um elemento populário de que a estrutura municipal operava em função do irmão da chefe de gabinete. Alguns comissionados da prefeitura, inclusive, admitem quem eram mais valorizados se manifestassem apoio ao vereador e trabalhassem nesse sentido; e os demais parlamentares do partido, que não tinham as mesmas vantagens, começavam a ignorar alguns interesses da administração municipal na Câmara em razão dessa situação. Edson Souza e Elizabete Mianes da Silva eram, visivelmente, dois dos mais incomodados na época.

Fernando Fagundes continuou bem-sucedido nos pleitos eleitorais seguintes, sempre com expressiva votação. Neste, de 2016, era, flagrantemente, o candidato a vereador do candidato a prefeito. A esmagadora maioria dos cabos eleitorais do partido eram, e foram, também replicadores de votos para o edil reeleito; que, desta vez, somou 1.141 indicações e liderou, pela segunda vez consecutiva, a lista proporcional de classificados. O sucesso, porém, veio pela metade. Mannrich sofreu seu mais amargo revés, para tristeza de muitos e alegria de outros  principalmente de alguns que buscavam apenas a igualdade de privilégios nos seus governos anteriores.

Dois: A ressurreição de Lázaro

Postado em 5 de outubro de 2016
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Candidato a vice-prefeito vencido nas eleições de 2004 pelo PSDB, o genuinamente cola-branca Luiz Rogério da Silva passou os três anos seguintes em Brasília, como assessor do então deputado federal Djalma Berger. À época no emergente PSB, ele recebeu um convite inusitado: disputar as eleições municipais de Tijucas como candidato a vice-prefeito do ex-adversário Elmis Mannrich (PMDB), que iria à reeleição. As indicações partiram do ex-prefeito Nilton “Gordo” Fagundes, que se alinhava fortemente à administração municipal, e da então secretária de Educação, Elizabete Mianes da Silva. As costuras começaram na Câmara, com o vereador Sérgio Murilo Cordeiro, que ainda era oposição e muito próximo de Rogerinho. Gordo e Bete sustentavam que dificilmente perderiam a eleição se os dois líderes oposicionistas fossem aliados naquela feita.

Mannrich e o PMDB tiveram a primeira chance de anular dois dos seus principais adversários. Mas preferiram oxigenar a carreira política de Silva e dar guarida a Cordeiro, que anunciava aos quatro ventos suas diferenças com o PT e com Roberto Vailati, candidato no pleito majoritário pela oposição em 2008. A dupla Elmis & Rogerinho venceu, com a maior diferença de votos da história (6.252), a eleição pela prefeitura de Tijucas; e Serginho recebeu, a partir de 2009, como prêmio pela lealdade na campanha, o comando da Secretaria Municipal de Saúde, para desgosto nefando dos peemedebistas históricos. O abrigo, com pompa e circunstância, aos ex-adversários – um na vice-prefeitura e outro numa das principais pastas do governo –, passou a ser um problema que o prefeito e a cúpula do partido se obrigaram a administrar desde então. O desconforto, de parte a parte, era nítido.

Eleita pela primeira vez à Câmara Municipal, a professora Lialda Lemos (PSDB), que se transformaria na mais severa crítica dos governos peemedebistas nos últimos tempos, escolheu sua primeira vítima naquela legislatura. Dela, o então vice-prefeito recebeu a alcunha de Lázaro, o personagem bíblico ressurgido da morte.

Rogerinho se reergueu. Serginho seguiu forte. Ambos certamente têm gratidão à assistência do PMDB numa das fases decisivas das suas carreiras públicas; e domingo (2 de outubro de 2016), de volta às suas origens, foram respectivamente responsáveis pelo marketing e pela coordenação geral da campanha do professor Elói Mariano Rocha (PSD), vitorioso na mais catastrófica participação dos periquitos nas eleições majoritárias de Tijucas.

Perfil adequado

Postado em 17 de junho de 2016
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Candidato à prefeitura de Tijucas pelo PMDB nestas eleições, Elmis Mannrich procura compor chapa com alguém que não esteja na roda viva. No início de março, o blog noticiou tratativas entre o ex-prefeito e o empresário Sebastião Koch – informação refutada peremptoriamente pelo fundador do Grupo Koch –, traduzindo, em princípio, a linha adotada para a escolha do vice ideal.

E a cartilha, a propósito, continua sendo a mesma. Tanto que o ex-prefeito e ex-deputado estadual Nilton “Gordo” Fagundes – que atua fortemente nos bastidores da campanha de Mannrich – teria sondado o empresário Geremias Teles Silva, com quem tem muita proximidade, sobre as chances de uma possível candidatura a vice-prefeito.

Mais recentemente, entretanto, o contabilista José Carlos de Souza teria consultado a família sobre uma oportunidade de ingresso na política, e, sobretudo, a respeito da possibilidade de se candidatar a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo presidente do PMDB municipal. Mulher e filhos não aprovaram a ideia.

Enquanto isso, o vereador Edson Souza (PMDB) aguarda pacientemente pelo anúncio da campanha de chapa pura.

Matemática

Postado em 18 de abril de 2016
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Para quem ouve dizer, a conta é complicada. Por essa razão, o blog destrincha a matemática do diretório do PMDB de Tijucas – que decide, na próxima terça-feira (26), quem será o seu representante na concorrência majoritária que se avizinha.

Membros da direção do partido com direito a voto, chamados de convencionais, são 45 ao todo. Antídio Pedro Reis e Edson José Souza, vereadores pela legenda, votam duas vezes cada. Mesmo benefício aplicado a Fernando Fagundes, que, por ser líder da bancada peemedebista na Câmara, tem, ainda, direito a um terceiro voto.

Nilton “Gordo” Fagundes, Lauro Vieira de Brito e Valério Tomazi são delegados do PMDB em Tijucas e, portanto, também votam duas vezes. Elmis Mannrich é outro que tem direito a três votos, porque, além de delegado, é membro da executiva estadual do partido.

Assim sendo, os votos válidos são 54. Entre o prefeito e seu antecessor, aquele que somar 28 indicações estampará os santinhos da campanha situacionista nestas eleições.