quarta-feira, 29 de outubro de 2025 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Quem é o pai?

Postado em 22 de outubro de 2025
Fotos: Divulgação

Em São João Batista, a municipalização da Escola de Educação Básica Professor Patrício Teixeira Brasil virou uma disputa de paternidade. De um lado, o prefeito Juliano Peixer (UNIÃO) garante que a ideia nasceu no Governo do Estado. Do outro, os documentos — assinados por ele próprio — contam uma história diferente.

Nos papéis, a origem é clara. Um ofício de 15 de janeiro de 2025, redigido com o timbre da Prefeitura e endereçado ao então secretário de Educação Aristides Cimadon, manifesta “interesse na municipalização” e agradece a “disponibilidade do Governo do Estado em solidificar a contribuição com o Município”. O texto vai além da cortesia burocrática e lista contrapartidas — obras, reformas, ônibus escolares e até playgrounds — e mostra que o assunto já era pauta desde o verão, quando o tema ainda não tinha estourado no debate público.

O gesto, mais político que administrativo, deixa evidente que Peixer queria a escola sob controle municipal e o próprio ofício reconhece que “mostra-se temerário fazê-lo neste momento”, sinal de que havia vontade, mas não estrutura. Outro documento, sem data, reforça o interesse e coloca o Município “à disposição para dar andamento aos trâmites legais”.

Tudo isso desmoronou a versão divulgada em setembro, quando a Prefeitura publicou nota tentando reescrever o roteiro — dizendo que o Governo do Estado “tomou a iniciativa” e que o Município apenas “avançou nas tratativas”. A operação narrativa visava deslocar o protagonismo, e com ele a responsabilidade política, para Florianópolis.

Reunião em setembro tratou dos trâmites da municipalização e foi realizada no gabinete.

Mas o diabo mora nos detalhes como diz a expressão popular. A cronologia é implacável e os registros de janeiro mostram que o pedido partiu da Prefeitura, e não do Estado.

E como se não bastasse, um relatório técnico da própria administração municipal jogou mais gasolina no incêndio: 56,5% das escolas de São João Batista estão em nível crítico de maturidade (0% a 39%) e 43,5% em nível limitado (40% a 59%). Nenhuma unidade chegou sequer ao nível moderado.

Em resumo, o que começou como uma tentativa de dividir responsabilidades acabou deixando pais furiosos, e aliados do governador Jorginho Mello (PL) irritadiços.

Nada contesta o que está em papel timbrado. Todo o resto, por enquanto, é revisão de narrativa.

Alívio jurídico

Postado em 15 de outubro de 2025
Foto: Divulgação

Pelo menos no campo jurídico, a dupla que comanda a Capital Catarinense do Calçado pode finalmente respirar aliviada. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) decidiu, por unanimidade, absolver o prefeito Juliano Peixer (UNIÃO) e o vice-prefeito Mateus Galliani (PP) da acusação de abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2024.

A denúncia partiu do PL batistense, que questionava a legalidade de um vídeo em que Peixer e o deputado federal Fábio Schiochet (UNIÃO-SC) apareciam anunciando a entrega de uma ambulância ao Corpo de Bombeiros Militar de São João Batista. Segundo a acusação, o conteúdo configuraria uso eleitoral indevido de um ato público.

O julgamento, realizado na tarde de terça-feira (14), terminou com placar de 7 a 0 a favor dos gestores municipais. O Ministério Público Eleitoral, representado pelo promotor Nilton Exterkoetter, havia recorrido da primeira decisão — também absolutória — proferida pelo juiz Rui Cesar Lopes Peiter. Mas o TRE-SC manteve o entendimento inicial, encerrando o processo em definitivo.

Na avaliação da corte, não houve indícios de abuso de poder econômico nem de uso da máquina pública.

Nova fase

Postado em 9 de outubro de 2025
Foto: Divulgação

Conhecido pelo estilo cordial e pela habilidade de transitar entre diferentes grupos políticos, o presidente da Câmara de São João Batista, Fábio Norberto Sturmer (PP), parece ter inaugurado uma nova fase no relacionamento com o Executivo. Desde que assumiu o comando do Legislativo, o vereador — que protagonizou embates duros com o prefeito Juliano Peixer (União) — vem adotando um tom mais conciliador e estratégico.

Sturmer, que antes fazia críticas públicas frequentes, agora prefere o diálogo reservado. Segundo ele, as divergências continuam, mas são tratadas “em conversas diretas com o prefeito”, uma mudança significativa de postura em relação ao primeiro semestre. Em entrevista à Rádio Clube na última semana, chegou inclusive a elogiar o prefeito e parte de sua equipe, gesto que não passou despercebido.

Já em entrevista ao Linha de Frente nesta quinta-feira (2), afirmou que não teria problema em voltar a criticar o governo e que essa será uma linha seguida durante seu mandato. Assista aqui.

Apesar do novo tom mais suave, o presidente da Câmara mantém o discurso de que “o vereador precisa cumprir seu papel e apontar os erros para evitar que a gestão caia na zona de conforto”. O Progressista, que vinha cobrando publicamente a renovação prometida por Peixer e criticava a permanência de nomes ligados ao ex-prefeito Pedro Alfredo Ramos (MDB), agora tenta equilibrar crítica e cooperação.

Partidos divididos

Postado em 30 de setembro de 2025
Foto: CMSJB/Divulgação

A sessão da Câmara revelou, mais uma vez, que a oposição ao governo de Juliano Peixer (UNIÃO) não fala em uníssono. O requerimento do vereador Teodoro Marcelo Adão (MDB), que buscava informações sobre o transporte escolar terceirizado após o incêndio que destruiu cinco ônibus em 2023, foi rejeitado por seis votos contra e quatro a favor.

Até aí, nada novo no front da política local. O que chama atenção é a artilharia amiga. Dentro do próprio MDB, Almir Peixer votou contra o colega. As feridas da época em que foi vice-prefeito ainda latejam, críticas públicas de Adão não foram esquecidas, e o discurso de cordialidade soa protocolar.

No PL de Felipe Lemos, o retrato não é mais harmônico. Gustavo Grimm e Mário Antônio Teixeira seguiram caminhos opostos. Grimm, afastado do grupo desde o fim das eleições, reforçou seu alinhamento governista. Já Teixeira preferiu se manter ao lado do requerente.

O episódio expõe, sem maquiagem, a dificuldade que MDB e PL enfrentam para se reorganizar um ano após as urnas de 2024. A oposição existe, mas fragmentada, e, nesse ritmo, tende a mais tropeçar em si mesma do que incomodar o governo.

Hora do adeus

Postado em 4 de setembro de 2025
Foto: Arquivo pessoal

A saída de Adriana Carla “Drica” Soares da Diretoria de Eventos da prefeitura de São João Batista foi oficializada nesta segunda-feira (1º). A justificativa pública foi a da necessidade de dedicação integral à empresa que administra paralelamente. Mas, como quase sempre acontece na política local, o anúncio traz mais camadas do que as palavras permitem à primeira vista.

Na nota divulgada à imprensa, Drica agradeceu pela oportunidade de atuar novamente no poder público e fez questão de reforçar sua contribuição em variadas frentes: gabinete, imprensa e eventos, para o “sucesso” da administração de Juliano Peixer (UNIÃO) e Mateus Galliani (PP).

ALÉM DOS AGRADECIMENTOS

Um tom conciliador, de reconhecimento, mas que logo foi entrecortado por frases que revelam algo além da superfície. “Eu sei o meu valor, prezo sempre pela minha saúde. Ninguém é insubstituível, mas ninguém é descartável. Sucesso também é saber ir embora”.

Nos bastidores, comenta-se que a principal razão da saída seria o atrito com o secretário de Desenvolvimento, Marcos Aurélio, cuja interferência em decisões do departamento teria minado a autonomia da diretora. Em política, pedidos de exoneração raramente são apenas escolhas pessoais e, nesse caso, o contexto reforça a leitura de desgaste interno.

TRAJETÓRIA

Com currículo vasto em comunicação e eventos, Drica não é uma novata no jogo político. Já esteve na linha de frente da gestão de Daniel Netto Cândido (PSD) em São João Batista, passou pela Comunicação do governo de Moacir Montibeler (MDB) em Canelinha e ainda atuou no início da administração de Tiago Dalsasso (MDB) em Nova Trento. Recentemente, participou da campanha do então prefeito e candidato à reeleição Pedro Alfredo “Pedroca” Ramos (MDB), na Capital Catarinense do Calçado.

Desagravo

Postado em 2 de setembro de 2025
Fotos: Reprodução

A confraternização Granfpolis (Associação dos Municípios da Grande Florianópolis), em Governador Celso Ramos, na sexta-feira (29), terminou em protesto político. Em coro – e até em vídeo –, prefeitos da região deixaram claro que não querem o vereador Carlos Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro, como candidato ao Senado por Santa Catarina. O nome defendido por eles é o da deputada federal Caroline De Toni (PL-SC).

O manifesto, que já circula entre lideranças políticas, mostra chefes do Executivo unidos no “grito de guerra”. Entre eles, o tijuquense Maickon Campos Sgrott (PP), o canelinhense Diogo Francisco Alves Maciel (PL) e seu vice Antonio Carlos Machado Junior (PSD), além do neotrentino Maxiliano de Oliveira (PL) e o majorense Rodrigo dos Santos (PP).

Nos discursos que acompanharam o registro, a linha foi a mesma. A região não aceita “alguém de fora” ocupando o espaço político catarinense. Do Vale do Rio Tijucas, apenas Juliano Peixer (UNIÃO), de São João Batista, não aparece no vídeo.

A movimentação ganha contornos de recado direto à cúpula do PL. Isso porque, dias antes, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, havia defendido uma dobradinha formada por Esperidião Amin (PP-SC) e Carlos Bolsonaro para a corrida ao Senado.

A reação dos prefeitos foi imediata e barulhenta.

DE PONTA A PONTA

Se na Grande Florianópolis o recado já havia sido dado, no Vale do Itajaí e Costa Esmeralda o discurso foi o mesmo. O segundo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não é bem-vindo na disputa pelo Senado em Santa Catarina. Prefeitos da Amfri (Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí) se reuniram mais tarde, em Balneário Camboriú, e reafirmaram apoio a Caroline De Toni como nome legítimo do Estado para a vaga.

Na mesa do jantar estavam Carlos Alexandre “Xepa” de Souza Ribeiro (PL), de Itapema, Joel Orlando Lucinda (MDB) e seu vice Ailto Neckel de Souza (PL), de Porto Belo, Alexandre da Silva (PSD), de Bombinhas, e mais uma vez Diogo Francisco Alves Maciel, de Canelinha, e Maickon Campos Sgrott, de Tijucas.

Em tempo: Sgrott e Maciel, que já haviam participado anteriormente do encontro da Granfpolis, reforçaram a linha de resistência a Carlos Bolsonaro. O evento, que reuniu representantes do PL, MDB, PSD e PP, escancarou a costura política regional.

Entrelinhas

Postado em 6 de agosto de 2025
Foto: Reprodução

Candidato a prefeito de São João Batista em 2024, quando conquistou a preferência de 3.616 eleitores e entrou definitivamente para a claque política local, o empresário Felipe Lemos (PL) não abandona o estilo provocativo que virou marca registrada na campanha. Durante entrevista a um podcast da Rádio Clube, nesta semana, sobraram indiretas e alcunhas para quase todos os desafetos do pleito e de fora dele.

Embora tenha sublinhado que não traz frustrações do processo eleitoral, o liberalista não poupou alfinetadas e incitações aos rivais, que, segundo ele, “mostraram quem realmente eram”. Lemos evitou nomes, mas lançou apelidos galhofeiros do tipo “Fubá” e “Caixa D’água” para alguns deles – e, antes que as confabulações errem o endereço, nem se referiu aos principais concorrentes Juliano Peixer (UNIÃO) e Daniel Netto Cândido (PSD).

Sequer o sugestivo “Cacique Velho” foi nomeado, a propósito. Mas a sequência da troça, no entanto, deu a entender: “quero encontrar ele e dar risada. Teve que gastar uma montoeira de dinheiro. Eu fui no gogó e na sola de sapato, e fui bem melhor”, deixou no ar. Pois então…

De saída

Postado em 31 de julho de 2025
Foto: CMSJB/Divulgação

Presidente do PP em São João Batista, o vereador Fábio Norberto Stumer vai se afastar do cargo. O pedido de licença foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal, segunda-feira (28), e o suplente Jaison Célio Maçaneiro (PP) assume a vaga.

Embora situacionista, Fábio da Ravel vinha criticando publicamente o modelo de gestão – especialmente o político – adotado pelo prefeito Juliano Peixer (UNIÃO) e cobrava sistematicamente, inclusive na tribuna do parlamento, as mudanças propaladas em campanha. A manutenção de figuras ligadas ao governo do antecessor, Pedro Alfredo Ramos (MDB), era ponto crucial do embate.

Não se tem certeza, no entanto, que o afastamento esteja relacionado ao conflito com o chefe do Executivo batistense, mas essa era, a propósito, uma das condições do vereador para a permanência na Câmara e na aliança.

Inimigos próximos

Postado em 21 de julho de 2025
Foto: Luan Lucas/LDF

As arrelias entre o prefeito Juliano Peixer (UNIÃO) e seu principal concorrente nas eleições de 2024, o ex-prefeito Daniel Netto Cândido (PSD), não eram, necessariamente, aquelas da campanha. Porque tem sido no time do rival que o mandatário batistense vem buscando esteio para funções estratégicas da gestão quando mais precisa.

Não bastasse ter escolhido o vereador Matheus Gonçalves (PSD) – eleito na base de Cândido – para a liderança do governo na Câmara, o chefe do Executivo teria considerado, agora, nomear outro parlamentar pessedista, Edesio Pedrinho Tomasi, este ainda mais próximo do ex-prefeito, para o comando da Secretaria Municipal de Educação.

De acordo com fontes do Blog, o plano teria sido abortado por conta da rejeição ao nome de Tomasi na base aliada. Lideranças do PP, inclusive, teriam ironizado a intenção de Peixer: “então já chama a Rúbia (Tamanini, ex-secretária municipal de Educação e braço direito de Cândido) de uma vez”.

PLANO B

Entre a cruz e a espada, o prefeito viria ponderando o convite ao professor Alício Schiestel (foto), da Unifebe, de Brusque, que tem familiares residentes no interior de São João Batista.

Malas prontas

Postado em 15 de julho de 2025
Foto: Agência Naza/Divulgação

Coincidentemente – ou não –, a secretária de Educação de São João Batista, Sandra Rozélia Teixeira Albino, entregou a carta de exoneração ao prefeito Juliano Peixer (UNIÃO) logo na sequência da absolvição do vereador Teodoro Marcelo Adão (MDB) na Câmara.

De acordo com fontes do Blog, ela teria pressionado a base aliada para que o parlamentar, denunciante de um suposto caso de segregação racial em uma escola do município e réu em processo regimentar de perda de mandato no Legislativo, fosse cassado. Mas somente um voto apareceu.

O desgaste político, no entanto, teria sido apenas a gota d’água. Entre os motivos para a saída da secretária estariam, ainda, o desagrado com a remuneração do cargo – cerca de R$ 5,5 mil líquidos– e a vontade de regressar ao litoral, onde vivia antes de compor o colegiado da gestão batistense.

É a segunda baixa no primeiro escalão do governo de São João Batista. Antes, o advogado Cássio Lucas Gaboardi, agora ex-procurador geral do município, também deixou o posto e voltou ao serviço efetivo no departamento jurídico da prefeitura.

Sandra, entretanto, permanece no comando da Secretaria de Educação por mais alguns dias. Ela comunicou que se desligaria apenas depois do Desfile Cívico alusivo aos 67 anos de emancipação político-administrativa do município, agendado para sábado (19).