quinta-feira, 3 de julho de 2025 VALE DO RIO TIJUCAS E COSTA ESMERALDA

Treze: As alianças incompreendidas

Postado em 14 de novembro de 2016

As oposições não se entendiam. Enquanto o PSD aguardava pela decisão do engenheiro Sérgio Fernandes Cardoso, e mantinha em stand-by o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim e o advogado Marcio Rosa – o nome do professor Elói Mariano Rocha sequer era considerado nas conferências estratégicas do partido –, o PSDB, regido pela vereadora Lialda Lemos e pelo empresário Elson Junckes, liderava um movimento que prometia uma “limpeza” na prefeitura; enodoada, segundo se pregava nas reuniões do grupo, pelos últimos 12 anos de governo em Tijucas. Candidato a prefeito desde 26 de abril, o presidente municipal do PMDB, Elmis Mannrich, se apoiava em seguidas pesquisas pré-eleitorais, todas absolutamente favoráveis ao seu projeto, e navegava em águas serenas rumo à vitória. Analistas de ocasião, cientes das conjunturas e baseados nas dificuldades dos opositores, afirmavam que o ex-prefeito apenas perderia as recentes eleições municipais se errasse indecorosamente. Talvez tenha sido o que aconteceu.

Cardoso se manteve na diretoria de Administração e Finanças do Sebrae/SC; e Mariano Rocha venceu uma concorrência interna no PSD, assumiu favoritismo entre os caciques, e provocou dissabores aterradores nos correligionários Zeferino Amorim e Rosa. Na outra esquina do triângulo, Junckes e Helio Gama (PP) se lançavam, em chapa pronta, como representantes da coalizão L.I.M.P.E. no pleito majoritário. Mannrich, por sua vez, nesse meio tempo, pedia dispensa da presidência do Imetro/SC e continuava visitando, apertando mãos, abraçando, dando colo a crianças, beijando donas de casa, distribuindo tickets de cerveja em eventos sociais, e, no tempo livre, comemorando a promulgada divisão das oposições. Com os adversários em trincheiras distintas, separados, abria-se uma enorme clareira para a manutenção do PMDB na prefeitura por mais um quadriênio.

Uma ordem da esfera superior, porém, transladou o PP, que era do L.I.M.P.E., para as bases do PSD. A manobra foi um banho de água fria no PSDB. Junckes cortou relações com Gama e decidiu, em apoio a Lialda, extinguir o movimento. O policial rodoviário federal aposentado Adalto Gomes, presidente do contestado PT, chegava de mansinho entre os peessedistas e assumia favoritismo para a composição de chapa com Mariano Rocha. E, ainda nesse momento, enquanto os opositores desfaziam relações sólidas e consideravam alianças rasas, Mannrich aguardava pacientemente por outubro e pela confirmação das pesquisas.

Caiu num estupor popular, no entanto, a notícia, ora inimaginável, da surpreendente união entre o ex-prefeito e sua mais incisiva censora na Câmara. Mannrich e Lialda conversaram, se entenderam e decidiram seguir juntos nas eleições deste ano. Por mágica, os inúmeros processos por supostos crimes de improbidade administrativa, superfaturamento e afins contra as seguidas administrações do PMDB, encaminhados pela vereadora ao Ministério Público, foram tolhidos do passado recente. “Ali Babá” abraçou a signatária dessa nefanda alcunha e provocou um embaraçoso tumulto no ninho periquito. Tanto que dois plebiscitos peemedebistas marcaram, em datas diferentes e próximas, com 19 votos a 4 e 21 a 5 contrários à aliança, o rancor que parte dos cognominados “40 Ladrões” ainda carregavam contra sua principal algoz. O presidente municipal do partido, mesmo assim, bancou a coligação com o PSDB e com a parlamentar ex-inimiga. As pesquisas de outrora, amplamente favoráveis, viriam com um elemento avaliador a mais nas próximas edições. A lucidez popular foi convocada a participar mais ativamente da campanha.

Marcio Rosa sempre esteve no PMDB. Presidiu a legenda no município até ser destituído deliberadamente. Depois que entrou em rota de colisão com Mannrich, em 2012, esteve sempre na oposição; ao partido e ao ex-amigo. Passou quatro anos arquitetando formas de confrontar o ex-prefeito publicamente, e ir à desforra. Filiado ao PSD, enxergou 2016 como palco do espetáculo, num possível – ora provável – embate eleitoral entre ambos. Mas perdeu esse direito para Mariano Rocha e preferiu se afastar dos correligionários. Semanas depois, era recebido, com honras e ovações, na convenção peemedebista; e sentava, vestindo verde, à mesa protocolar, ao lado de históricas personalidades do PMDB local, como os ex-prefeitos Nilton Fagundes e Lauro Vieira de Brito. Um abraço carinhoso, no evento, como se os recentes quatro anos sequer houvessem existido, entre o ex-presidente e o candidato periquito à prefeitura marcou o curioso encontro. Pela novidade, e, especialmente pela singularidade, o assunto permeou as discussões de botequim daquele dia até as eleições. Enquanto alguns defendiam a generosidade e bendiziam o perdão, outros, mais ranzinzas, tratavam a questão como oportunismo de parte a parte. A pulga havia se aconchegado atrás da orelha.

Não passou despercebido, entretanto, que outro pré-candidato à prefeitura pelo PSD, o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia, famoso por frases como “Nem se me derem todas as carretas do Arnaldo Peixoto, eu vou com o PMDB”, tenha passado a acompanhar Mannrich nas incursões públicas – com registros fotográficos em redes sociais, inclusive – e participado exaustivamente dos encontros de bairros e comícios dos periquitos com outros ditos de efeito. “Nunca fui tão bem recebido em lugar nenhum!”, exclamava para quem quisesse ouvir. Ele e o irmão, Henrique Amorim, a propósito, foram cabos eleitorais marcantes da campanha peemedebista no Timbé, onde têm amplo prestígio.

Dias antes do pleito, a pesquisa do respeitado Instituto Mapa trazia índices diferentes daqueles colhidos anteriormente por Mannrich; que se confirmaram em 2 de outubro. Não se pode afiançar, com certeza, que as contestadas alianças com inimigos declarados tenham influenciado diretamente no resultado; mas qualquer cidadão comum, frequentador do cotidiano de Tijucas e atento à política, concorda que mesmo os peemedebistas mais devotos estavam confusos, alguns desgostosos. Ainda hoje, passados 40 dias das eleições, se pode encontrar um periquito recostado num balcão qualquer, com o copo pela metade, repetindo o que alguns gatos-mestres da política pregavam meses atrás, quando diziam que “o ex-prefeito apenas perderia a eleição se errasse indecorosamente”.

Cinco: A deposição do rei

Postado em 11 de outubro de 2016

Eleitos com diferença de 1.146 votos, Valério Tomazi (PMDB) e Ailton Fernandes (PSD) não encontraram facilidade no pleito majoritário de 2012 em Tijucas. Nem nas urnas e tampouco na campanha. Contavam com o favoritismo natural, com a maior militância, com o apoio do então prefeito Elmis Mannrich (PMDB) e da máquina pública, e concorriam contra uma dupla que se formou num sobressalto, dada a fragilidade da oposição à época o próprio candidato a vice-prefeito adversário, ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, admitia, semanas antes da votação, que a formação da chapa oposicionista não inspirava grandes expectativas no início. “Eu e o Adalto (Gomes, candidato a prefeito vencido naquele ano) era dois ovo que nem cascava. Mas nós casquemo e já tamo esgravatando sozinho“, dizia, com simplicidade peculiar.

A disputa, que parecia decidida na apresentação dos competidores, ganhou contornos dramáticos nos últimos momentos. Fatores extraordinários que nasciam e se replicavam nos bastidores da corrida eleitoral foram preponderantes para a desaceleração da campanha situacionista. Além do desembarque do PSD – por conta de negociações fracassadas com o presidente municipal do partido, Jilson José de Oliveira , havia também o desgaste com o presidente do PMDB em Tijucas, Marcio Rosa, desde a pré-convenção dos periquitos, relatada com detalhes no episódio anterior, “Quatro: O partido em duas frentes“. Na reta final, apenas Fernandes permanecia no time da situação. Gil, Sérgio “Coisa Querida” Cardoso e os demais peessedistas deram as mãos a Adalto Gomes e Tonho Polícia.

Nas estâncias do PMDB, partido que administrava a Capital do Vale e concorria novamente à sucessão municipal, as dificuldades eram ainda maiores. Nome à frente das demandas do partido, Rosa abandonou os correligionários tijuquenses e partiu para Nova Trento, onde era coordenador de campanha da ex-prefeita Sandra Regina Eccel (PMDB) no pleito majoritário. Empenhos no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e uma série de documentos, além de cheques, que necessitavam da assinatura do líder peemedebista em Tijucas se acumulavam, sem resolução, e dificultavam ainda mais os planos dos periquitos na corrida eleitoral. Cabia, naquela época, ao atual secretário de Obras, Transportes e Serviços Públicos do município, Artur Tomazoni Filho  que era tão próximo do presidente do PMDB quanto de Mannrich e Tomazi , a coleta das assinaturas; mesmo que com alguma resistência e indolência do comandante.

Marcio Rosa recebeu, por vezes durante a campanha de 2012, porta-vozes da cúpula peemedebista em Tijucas. Os recados eram sempre os mesmos: “Afaste-se ou renuncie à presidência do partido”. E a resposta também se repetia: “Só saio se me expulsarem”.

Enfim, vencidas as eleições, Elmis Mannrich reuniu o PMDB municipal no auditório da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), semanas depois do pleito, para tratar dos rumos do partido. Marcio Rosa não recebeu convite; justamente porque não fazia parte dos planos futuros da agremiação em Tijucas. Quase todos os membros da executiva estiveram presentes e decidiram, depois de expostos os motivos, que o comando do diretório haveria de ser revisto. O presidente, além de deposto, foi expulso das fileiras peemedebistas. E o então prefeito, que coordenou a campanha de Valério & Ailton naquela feita, assumiu a chefia de uma recém-instituída comissão provisória.

Rosa voltou às boas com Mannrich e com o PMDB recentemente, mas esses quatro anos de arguições, de uma inimizade exacerbada, ganhou audiência e trouxe consequências. Se houve, por um momento, alguma esperança de comover a plateia, as urnas mostraram que a estratégia estava equivocada. A paz, sempre bem-vinda, reinou mais uma vez; graças aos deuses da fraternidade. Mas a política, que não é tão benevolente, ainda não assimilou essa súbita reaproximação.

Tons de verde

Postado em 1 de setembro de 2016

A declarada neutralidade do ex-vereador Antônio Zeferino Amorim ao blog, publicada em 22 de julho sob o título “Sem ninho“, não se confirma nas ações do ex-pré-candidato à prefeitura de Tijucas pelo PSD. Ontem, por exemplo, ele e o irmão, Henrique Amorim, guiaram o ex-prefeito e candidato no pleito majoritário Elmis Mannrich (PMDB) em visitas pontuais aos moradores do Timbé, no interior, onde têm consolidada base eleitoral.

Tonho Polícia, como é popularmente conhecido, chegou a ostentar favoritismo entre os postulantes oposicionistas à prefeitura, mas, preterido pelo professor Elói Mariano Rocha (PSD), passou a figurar nos encontros pré-eleitorais do PMDB e pediu desfiliação do PSD, onde militava desde o início do ano.

Último adeus

Postado em 12 de agosto de 2016

Não se pode dizer que seja uma surpresa, mas, registre-se: o advogado Marcio Rosa e o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia, entregaram pedidos de desfiliação ao presidente municipal do PSD, Jilson José de Oliveira, o Gil.

Ambos pleiteavam a candidatura a prefeito de Tijucas pelo partido e se frustraram com a indicação do professor Elói Mariano Rocha ao posto. Rosa está, atualmente, alinhado com Elmis Mannrich no PMDB; e Amorim vem afirmando que adotou postura de neutralidade nestas eleições.

Sem ninho

Postado em 22 de julho de 2016

“Gosto muito do Adalto, mas vou ficar neutro. Me aposentei. Não quero mais saber de política”, revelou o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, o Tonho Polícia (PSD), ontem, com exclusividade ao blog, em referência à nota “Volta ao ninho“.

Amorim chegou a ser considerado favorito para representar o PSD na corrida pela prefeitura de Tijucas nestas eleições, mas sucumbiu às resistências internas e à disputa com o professor Elói Mariano Rocha, e se revestiu de mágoas contra o grupo. Ontem, porém, na reunião que praticamente chancelou a pré-candidatura do amigo Adalto Gomes (PT) a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo PSD, ele ensaiou uma meia-volta; mas, em princípio, não passou de mero cumprimento de protocolo.

Volta ao ninho

Postado em 21 de julho de 2016

Um dos presentes na reunião entre PSD e PT, hoje pela manhã, esteve particularmente festejado. Envolvido em supostas negociações com o PMDB – e, sobretudo, em manifestações públicas de simpatia à campanha de Elmis Mannrich (PMDB) no pleito majoritário –, o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia (PSD), participou dos trâmites e garantiu suporte às decisões do PSD.

De acordo com um porta-voz do grupo, Amorim teria, inclusive, declarado apoio à chapa constituída por Elói Mariano Rocha (PSD) e Adalto Gomes (PT), que está praticamente chancelada.

Paralelamente

Postado em 19 de julho de 2016

No susto, com convites disseminados via WhatsApp, a militância do PT de Tijucas se reuniu ontem à noite para lançar a dupla – pasme! – Adalto & Tonho no pleito majoritário que se avizinha. Desconsiderou-se que o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, o Tonho Polícia, é membro ativo das fileiras do PSD, e que o partido trabalha paralelamente na campanha de Elói Mariano Rocha à prefeitura.

Tonho, a propósito, sequer compareceu ao encontro.

Consultado pelo blog, o presidente municipal do PT e pré-candidato a prefeito Adalto Gomes justificou que apenas a ideia está lançada, e que até as convenções – que devem ocorrer até 5 de agosto – muitas situações podem mudar.

Gomes reiterou, inclusive, que os nomes na chapa podem ser invertidos; e que Tonho Polícia pode ser o candidato a prefeito de Tijucas apoiado pelo PT.

Metralhadora

Postado em 18 de julho de 2016

Na política de Tijucas, a novidade do fim de semana ficou por conta do registro, em foto, da presença do ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, popular Tonho Polícia – que chegou a ensaiar uma candidatura a prefeito pelo PSD –, num encontro do PMDB, na casa do vereador e pré-candidato a vice-prefeito Edson Souza (PMDB), com participação do pré-candidato a prefeito Elmis Mannrich (PMDB).

O retrato se disseminou pelas redes sociais; e os comentários, sobretudo da militância periquita, foram em maior número negativos. Peemedebistas de carteira, pelas manifestações, parecem desgostosos com as aquisições oportunistas da época; e, em esmagadora maioria, defendem a proeminência da raça.

Tonho Polícia, entretanto, parece obstinado em manter portas abertas nos diversos grupos locais – com exceção do PSD, por quem o amor terminou melancolicamente no ato do anúncio do professor Elói Mariano Rocha como pré-candidato a prefeito pela legenda.

Ainda no fim de semana, deixou-se fotografar ao lado do presidente municipal do PT e pré-candidato a prefeito Adalto Gomes, numa celebração festiva no Timbé, no interior de Tijucas, e teria anunciado aos presentes que acompanha o petista em qualquer cenário. Pois, então?!

Linha cruzada

Postado em 8 de julho de 2016

Na agenda do iPhone aparecia “Tonho”. A vereadora Elizabete Mianes da Silva (PSD), no calor das definições, queria desabafar com o ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, o Tonho Polícia (PSD), favorito entre os postulantes à prefeitura pelo partido, e chamou o “Tonho” que estava nos contatos do aparelho.

Alô, Tonho! Sabes da pesquisa? Era pra ontem, mas parece que só vão abrir amanhã. tão nervosa – lançou a presidente do Poder Legislativo de Tijucas, assim que o interlocutor atendeu a ligação, às vésperas da revelação dos números que indicariam a candidatura peessedista no pleito majoritário.

Oi, Bete! Não entendendo nada! Aqui é o Tonho da Zoca! É comigo mesmo que queres falar? – respondeu o servidor público municipal Luiz Antônio de Araújo, que passa os dias a serviço da FME (Fundação Municipal de Esportes), e, realmente, nada tinha que ver com a pesquisa ou com o PSD.

Ai, não, não, não, querido… Desculpa! Tu, tu, tu, tu

Professor na cabeça

Postado em 7 de julho de 2016

Enfim, fez-se a luz! Anteciparam a reunião sobre a pesquisa pré-eleitoral do PSD de Tijucas – ou tentaram, de alguma forma, despistar o blog e os curiosos. O encontro marcado para anteontem, remarcado para hoje, aconteceu ontem. Passarinho transparente estava lá, empoleirado na cumeeira, atento como de hábito.

A surpresa não tardou. Atônitos, membros do partido ouviram – e viram! – os números. O menosprezado professor Elói Mariano Rocha, que não passava de café com leite, alcançou o empate técnico com o favoritíssimo ex-vereador Antônio Zeferino Amorim, o popular Tonho Polícia. Outro vigoroso postulante à candidatura, o advogado Marcio Rosa sequer participou da assembleia. Preferiu o conforto do lar, as informações de terceiros, e deu razão àqueles que antecipavam sua desistência do jogo há tempos.

Amorim não gostou. Desconfiou. Demonstrou insatisfação, e jogou a toalha. Fez o que outros haviam feito nos demais grupos políticos da cidade.

Se os critérios forem levados à risca, habemus candidatum. Rocha é o representante do PSD na concorrência majoritária de Tijucas; e tem tudo para formar chapa com Adalto Gomes (PT). Os trâmites, que começaram ontem, já estavam ensaiados há algum tempo.