As fissuras no MDB tijuquense, que iniciaram com a transferência do vereador e pré-candidato a prefeito Fernando Fagundes para o PL, receberam um rejunte da melhor procedência. O deputado estadual Emerson Stein se envolveu pessoalmente na causa e vem mobilizando toda a bancada estadual do partido no projeto do Manda Brasa para as eleições de outubro em Tijucas.
“Seremos mais fortes ainda”, garante o portobelense, que confia irrestritamente no potencial do ex-prefeito e presidente municipal da legenda Elmis Mannrich como opção emedebista na concorrência majoritária. “Ele está mais consolidado do que nunca e terá o apoio de toda a nossa bancada”, diz.
Com o representante do MDB na disputa da prefeitura definido, Stein volta as atenções, agora, para a reconstrução da nominata proporcional, que também sofreu baixas significativas – como a do vereador Esaú Bayer, que decidiu acompanhar Fagundes no PL. “Apresentaremos ótimos nomes nos próximos dias”, revela o ex-prefeito de Porto Belo.
Se a designação da deputada estadual Ana Paula da Silva na presidência do PODEMOS catarinense tinha como objetivo a reorganização do partido para as eleições deste ano, ela parece muito interessada em priorizar São João Batista neste início de trabalho. Os vereadores Elisandro dos Santos (PP) e Mario Antônio Garcia Teixeira (UNIÃO) têm recebido sondagens da ex-prefeita de Bombinhas para integrarem o projeto e, se dispostos, concorrerem no pleito majoritário.
Os convites, a propósito, amofinam a principal liderança podemista no município: o ex-prefeito e suplente de deputado estadual Daniel Netto Cândido, da base de sustentação do presidente deposto Camilo Martins e com quem Paulinha, embora correligionária, dividiu atenções – e votos – nas eleições de 2022 no Vale do Rio Tijucas.
EM TEMPO
Cândido ainda não bateu o martelo sobre retornar à cena local e concorrer novamente ao cargo máximo de São João Batista nestas eleições, mas, caso assim decida, tem, agora, os planos do comando do partido como maior obstáculo.
Dos propalados postulantes à prefeitura de Tijucas nestas eleições, o empresário Thiago Peixoto dos Anjos, segundo colocado no pleito de 2020, tem a situação mais confortável. A filiação ao PL em novembro, quando a concorrência ainda estudava propostas, vista por muitos como precoce, foi estratégica.
Peixoto dos Anjos marcou território e ganhou tempo para uma avaliação minuciosa da cena eleitoral, das possíveis conjunturas e das oportunidades que eventualmente surgirem.
Hoje, conta com o aval da regência municipal do partido e de figuras importantes na cúpula, como o deputado estadual Nilso Berlanda e o deputado federal Jorge Goetten, para ser o candidato a prefeito do PL na concorrência de outubro.
Não fosse pela especulada migração do vereador Fernando Fagundes (MDB) para as fileiras liberalistas, a ser confirmada na janela que se abre nesta semana, seria unanimidade e com candidatura definida enquanto todas as outras correntes do município passam por querelas internas para a escolha de um representante na disputa majoritária.
AMIGOS E CONCORRENTES
A contar com a filiação de Fagundes, o empresário diz, com exclusividade ao Blog, que ficaria “muito satisfeito” e que, inclusive, tem reforçado o convite ao vereador para que integre o PL municipal. “Conversamos com muita frequência, somos amigos, e teríamos, junto com o Fernando, maiores condições de alcançar nosso objetivo”, comenta.
Peixoto dos Anjos entende que o fortalecimento do projeto sobrepõe qualquer intenção pessoal, e que, seja qual for a escolha do partido, seria um soldado no pelotão de frente da campanha.
O diretório municipal do MDB se reuniu ontem à noite para expectar as eleições de outubro. Mas sem qualquer definição sobre candidaturas, entretanto.
Deliberou-se, por ora, que o partido segue com duas postulações ao cargo máximo do município: a do presidente local e ex-prefeito Elmis Mannrich e a do vereador Fernando Fagundes. O também ex-prefeito Valério Tomazi, que havia se disposto à concorrência majoritária, resolveu ficar de sobreaviso, apenas para uma eventualidade.
De acordo com um dos presentes, a pauta foi direcionada à unidade da legenda e ao cumprimento dos protocolos, especialmente o respeito à escolha do candidato a prefeito. “Ainda não temos uma decisão, e nem definimos os critérios que serão adotados. Mas nos comprometemos, em absoluto respeito aos filiados, que ninguém deixaria o MDB na próxima janela partidária (que se abre em 7 de março)”, contou, exclusivamente ao Blog, um participante do ato.
O tema foi priorizado, evidentemente, em razão dos rumores que ligam Fagundes ao PL.
A predisposição do vereador Mateus Galliani (PP), de São João Batista, em concorrer à prefeitura nas eleições que se aproximam, segundo a avaliação do próprio progressista, é uma consequência do trabalho realizado ao longo do mandato.
Embora ainda seja bastante jovem – apenas 27 anos -, Galliani ostenta um currículo repleto de graduações. O perfil técnico seria um dos predicados do parlamentar para a disputa majoritária. Mas garantiu, em entrevista ao programa LINHA DE FRENTE, ontem, que “não está sozinho”.
“O que eu venho fazendo me credencia. Acredito em preparação. Venho me preparando. O Mateus está como pré-candidato, mas não está sozinho. Nosso partido é o maior de São João Batista e temos pessoas qualificadas para todos os setores da administração”, frisou.
RENOVAÇÃO
Embora esteja entre os pré-candidatos do PP, Galliani defende o caminho da renovação e argumenta que os outros dois pré-candidatos da legenda, Fábio Norberto Sturmer e Aderbal Manoel dos Santos, também fazem parte de um grupo que pretende aplicar um “choque de gestão” na prefeitura.
“Não que eu seja o melhor nome, mas sou um dos que querem a renovação e que acham que a gestão pública está aí para gerar melhorias de vida. Não apenas ser prefeito por ter um bom coração. Temos bons candidatos. Fábio da Ravel é um nome, foi um grande vereador e, mesmo sem mandato, faz um grande trabalho na cidade. O ex-prefeito Aderbal, só pela pessoa dele, pelo trabalho e pelo empresário que é, também se credencia”, explica.
O vereador mais votado do último pleito e novo presidente do PDT em Tijucas, Cláudio Eduardo de Souza, assumiu, em entrevista ao programa LINHA DE FRENTE, ontem, a pré-candidatura a prefeito nestas eleições. A predisposição, entretanto, foi provocada a partir da saída do candidato lançado pela legenda em 2020, Thiago Peixoto dos Anjos, que migrou para o PL.
Souza explicou que, antes da desfiliação do empresário, aparecia apenas como uma possibilidade – depois de ser lembrado em uma pesquisa espontânea. Entretanto, com a ida de Peixoto dos Anjos ao PL, sua pré-candidatura ganhou força.
“Hoje sou pré-candidato a prefeito pelo PDT. [Foi decidido] Com a saída do Thiago. Meu nome aparecia nas pesquisas. Algumas nem colocavam o nome, mas aparecia na espontânea. Por conta disso, as lideranças dos grupos de oposição começaram: ‘vem conversar também’. Até então, era isso”, disse.
Embora esteja disposto a concorrer na majoritária, o jornalista garante que pretende seguir o seu “propósito”, guiado pela fé que sempre o acompanhou. “Se eu precisar ser candidato a vereador novamente, eu vou entender e não vou ter uma frustração. Mas, hoje, eu estou pré-candidato a prefeito pelo PDT. Se precisar que eu recue, por alguma situação, eu vou recuar. Mas, se eu tiver a possibilidade e, com a fé que eu tenho, o homem [Deus] disser ‘és tu que vais fazer a diferença na vida do povo, Ele vai abrir essa porta e em 2025 eu vou estar lá”, completou.
CONJUNTURA
Existe, atualmente, uma clara aproximação dos pedetistas com o MDB local. O nome do parlamentar, inclusive, foi especulado como um possível reforço para a legenda que mais vezes administrou a cidade e que tentará, em outubro, retornar à prefeitura. Entretanto, Souza explica que a boa relação se justifica por terem as mesmas intenções.
“Com base no que o MDB acredita, hoje, em relação ao atual governo, à estrutura administrativa… tanto o PDT se vê no projeto do MDB, como o MDB é bem-vindo ao projeto do PDT. Nós temos conversado bastante. Outras lideranças do PDT têm conversado com pessoas do MDB, para que possamos reforçar esse projeto, para apresentar essa alternativa pra Tijucas, para os eleitores e para aqueles que não querem a continuação do que está hoje na prefeitura”, explicou.
A histórica liderança exercida pela ex-prefeita Sandra Regina Eccel, de Nova Trento, no MDB, acontecerá, a partir de agora, somente nos bastidores. Candidata à prefeitura por seis vezes (1996/2000/2004/2008/2012/2016), a única mulher a governar uma cidade do Vale não pretende mais concorrer a cargos eletivos.
Uma das justificativas, aliás, é a predisposição do filho da ex-secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Luiz Fernando Eccel Rachadel, que participa de sua primeira legislatura, em governar o município. Embora ainda seja jovem, o herdeiro da família Eccel deve assumir, em breve, a presidência do MDB e aparece, inclusive, como um possível sucessor de Tiago Dalsasso.
“A Sandra não. Hoje, ela só quer ajudar o prefeito Tiago e, depois, ajudar o filho. Se meu filho vai traçar essa vida, os meus dias estão voltados para esse projeto. É um projeto de partido e, claro, no meu caso, levando o nome do Luiz Fernando. Foi tanto sofrimento… É coisa pra essa juventude”, afirmou, em entrevista ao programa LINHA DE FRENTE.
DESACORDO
A ex-prefeita neotrentina não escondeu as divergências com o também ex-mandatário, Orivan Jarbas Orsi, que foi, justamente, o seu vice-prefeito em 2004, mas que, em 2008, confrontou o grupo governista e venceu as eleições.
“Ele fez o que, naquele momento, foi dito a ele para fazer. Se ele queria ser candidato naquele pleito [2008], ele tinha que criar um ambiente de desacordo para ser o candidato. Vínhamos de união, de um trabalho bacana juntos. Achei isso correto? Não. Não era esse o acordo. Mas foi a opção que ele teve e digamos que não estava errado, porque ele logrou êxito”, disse.
Entretanto, na avaliação da líder emedebista, a carreira política de Orsi sofreu prejuízos provocados pelo rompimento. “Trouxe desconfianças que ele carrega até hoje. ‘Será que o Orivan cumpre? Que vai honrar com a palavra?’. O que está acordado não é caro. Caro é romper acordos”, explicou.
Ao tempo em que o PDT de Tijucas se reestrutura, renova as expectativas e caminha para o pleito de outubro sob nova direção, perde em representatividade com a saída iminente do vereador Erivelto Leal dos Santos, o Danone. Ele permanece no partido apenas até 6 de abril, no fim da janela de transferências, e, inclusive, já comunicou a regência local da legenda sobre a decisão.
O movimento, segundo apurado pelo Blog, não tem a ver com a mudança de comando e, sobretudo, com o ingresso do colega de parlamento Cláudio Eduardo de Souza na presidência da comissão municipal – que, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), teve atividade encerrada em setembro de 2021. “Sempre cobrei que estivéssemos unidos e atuantes, e que o partido se fortalecesse. Ficamos três anos sem qualquer ação nesse sentido”, reclama.
FUTURO
Leal dos Santos garante que continua na política e que deve se recandidatar ao Legislativo nas próximas eleições, mas com outra legenda. “Tenho convites de muitos partidos e boa relação com todos. MDB, PP, PL e PT são alguns. Posso estar na oposição ou na situação”, revela o vereador.
2024 mal começou e muitos prefeitos da região já começam a refletir sobre as possíveis – ora prováveis – mudanças nos comandos das secretarias municipais, com a aproximação do prazo de desincompatibilização, visando as eleições de outubro.
Eloi Mariano Rocha (PSD), de Tijucas, aliás, deve ter uma grande lista de saídas, já que boa parte do secretariado está entre os pré-candidatos, sobretudo ao Legislativo, sendo necessário, então, a saída até o fim de abril.
Vilson José “Tem” Porcíncula (Saúde), Ezequiel de Amorim (FME), Luiz Rogério da Silva (Samae), Bianca Bibiani Machado (Assistência Social), Odirlei Resini (Agricultura), Paula Regina da Silva (Cultura), Jean Carlos de Sieno dos Santos (Desenvolvimento), Vilson Natálio da Silva (Obras) e Maria Edésia da Silva Vargas (Procon) estão entre os nomes do grupo governista para a disputa. Destes, alguns já definiram e optaram pela candidatura, enquanto outros ainda devem avaliar o cenário.
O presidente do Poder Legislativo de São João Batista, Mário Antônio Garcia Teixeira (UNIÃO), confirmou a renúncia ao comando da Casa do Povo, para o ano que vem, na sessão ordinária da última segunda-feira (18).
Embora as eleições da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores batistense sejam para o biênio, havia um acordo entre Garcia Teixeira e o então vice-presidente, Marcelo Xavier (PP), de passagem da presidência em 2024.
Ao Blog, dias atrás, Xavier já confirmava que o movimento de fato aconteceria. O futuro ex-presidente se despediu da função fazendo um levantamento dos números e relembrando os trabalhos realizados ao longo do ano.
Na despedida, a propósito, Garcia Teixeira agradeceu aos envolvidos no acordo. Além de Xavier, participaram os vereadores Elisandro dos Santos (PP), Nelson Zunino Neto (PP), Mateus Galliani (PP) e Gustavo Grimm (CIDA), o empresário e ex-prefeito Aderbal Manoel dos Santos, e o empresário Alyson dos Santos.